Paulo Pereira Cristóvão e líder da Juve Leo detidos pela PJ

Ex-inspector da PJ e antigo dirigente do Sporting estará envolvido numa rede que assaltava casas e terá roubado várias centenas de milhares de euros.

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Paulo Pereira Cristóvão Nuno Ferreira Santos

O ex-inspector da Polícia Judiciária (PJ) e antigo vice-presidente do Sporting Paulo Pereira Cristóvão foi detido esta terça-feira por elementos da Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) daquela polícia, por suspeitas de envolvimento numa rede que se dedicava ao assalto de residências. O grupo terá roubado perto de uma dezena de habitações, causando prejuízos que somados atingem várias centenas de milhares de euros.

A operação desta terça-feira resultou na detenção de três pessoas, incluindo um dos líderes da Juve Leo, que, como Pereira Cristóvão, seria responsável pela sinalização de potenciais vítimas dos roubos. Tudo era minuciosamente planeado, com os alvos a serem escolhidos por terem objectos de valor em casa. Alguns eram conhecidos de elementos do grupo que, para afastarem a possibilidade de serem reconhecidos, não iam para o terreno nesse assalto. Era, aliás, habitual os suspeitos alternarem a sua presença nos roubos.

Nem Pereira Cristóvão – que foi vice-presidente do Sporting no mandato de Godinho Lopes, após ter sido candidato a presidente do clube - nem os outros dois homens detidos esta terça-feira (com idades entre os 37 e os 49 anos) terão tido intervenção directa nos assaltos. Os três arguidos serão ouvidos esta quarta-feira à tarde no Tribunal Central de Instrução Criminal, pelo juiz Carlos Alexandre, que aplicará as respectivas medidas de coacção.

Este grupo, que integrará três agentes da PSP, actuava de uma forma peculiar já que mascarava os seus assaltos de buscas policiais. Falsificariam mandados e, por vezes, os assaltantes apresentar-se-iam fardados para credibilizar as falsas operações. “Os agora detidos, juntamento com outros doze suspeitos, (…) integravam uma organização criminosa dedicada ao roubo no interior de residências, que simulavam tratar-se de verdadeiras acções policiais para cumprimento de buscas domiciliárias judicialmente ordenadas”, escreve a PJ num comunicado.

Esta é a segunda operação da UNCT no âmbito desta investigação, dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal, a estrutura do Ministério Público dedicada à criminalidade violenta e altamente organizada. A primeira teve lugar em Julho do ano passado e levou à detenção de 12 pessoas - onze homens e uma mulher, com idades entre os 31 e os 43 anos - presumíveis autores da prática dos crimes de associação criminosa, sequestro, roubo qualificado, usurpação de funções, abuso de poderes e detenção de armas proibidas. Entre eles estão os três agentes da PSP que ficaram em prisão preventiva com mais cinco elementos do grupo.  

Os crimes investigados ocorreram nos distritos de Lisboa e Setúbal, tendo em alguns dos casos sido utilizada a violência e coacção para que as vítimas fornecessem informação sobre os locais onde se encontravam escondidas quantias monetárias e objectos com elevado valor.    
 Na operação desta terça-feira foram cumpridas oito buscas domiciliárias e não domiciliárias, sublinhando a UNCT que foram “apreendidos relevantes elementos de prova”. O mesmo ocorrera na primeira operação onde foram realizadas 28 buscas.

O líder da Juve Leo detido é conhecido na claque sportinguista como “Mustafá” e já foi suspeito noutros processos judiciais, tendo estado no Estabelecimento Prisional do Linhó, em Sintra. Isso mesmo é referido num vídeo dedicado a si, publicado há menos de um mês no Facebook e no Youtube. A acompanhar as imagens uma música onde se repete que “a minha vida é o Sporting”, que é referido ainda como vício, paixão e família. A letra diz ainda, num tom elogioso, que “Mustafá” é “fanático pelo que faz” e “já deu sangue pelo sporting”. “Há 20 anos que dedica o seu amor à Juve Leo”, resume a música. 

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