Patriarca pede consenso para a crise e teme extremismos nas europeias

D. Manuel Clemente teme que a abstenção nas eleições europeias de Maio abra as portas a forças "nada amigas de estrangeiros, nada amigas de gente pobre".

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Nuno Ferreira Santos/Público

Preocupado com o agravamento das questões sociais no país, o patriarca de Lisboa defende que é necessária uma resposta "o mais alargada possível no campo político".

"Uma sociedade democrática tem um governo, oposição, várias forças  em presença, mas quando os problemas são tão estruturais como estes que atravessamos há tempo demais, percebemos que temos de ser todos", afirmou em entrevista à rádio TSF. A base alargada de entendimento, diz o patriarca, deve envolver "empresários, trabalhadores, sector público, privado, e tudo o que se passa na concertação social tem de ser implementado", explicou.

D. Manuel Clemente não acredita, no entanto, que esse consenso chegue antes das eleições europeias que se realizam a 25 de Maio, escrutínio cuja elevada abstenção é motivo de alarme. "O campo deixado aberto pela abstenção geralmente é tomado por forças extermistas e essas forças neste momento na Europa são muito xenófobas, nada amiga dos estrangeiros, nada amiga de gente pobre, cuja pobreza foi muitas vezes responsabilidade europeia, e muito pouco capazes de ver além daquilo que é o ganho imediato de mais alguns votos e influência nos respectivos países", disse à TSF. "Aquilo que se tem passado na Hungria, França, Áustria, deixa-me a maior das preocupações. O apelo que eu faço é que não haja abstenção".

Sob o ponto de vista moral e ético, D. Manuel Clemente, no governo da diocese há quase um ano, defendeu de novo referendos e debates sobre questões fracturantes para as minorias, como a adopção por casais homossexuais. "O direito universal não pode ser  restringido por um alegado direito de uma minoria. O direito universal é que uma criança disponha de uma referência feminina e uma referência masculina e não de duas referências do mesmo sexo."

 

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