Patologista Sobrinho Simões alerta para sobrediagnóstico de cancros muito pequenos

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Sobrinho Simões Manuel Roberto

O patologista Sobrinho Simões alertou hoje que se diagnosticam demasiados cancros que se deviam "deixar sossegados", colocando os doentes num ciclo de tratamentos sem benefícios reais, ressalvando que continua a ser essencial o rastreio precoce.
 
Falando à agência Lusa à margem de uma palestra promovida pelo International Club de Portugal, Manuel Sobrinho Simões afirmou que "a maluqueira quer de doentes quer de alguns médicos é que está a dar mau resultado", sobretudo nos cancros da tiróide, mama e próstata, "de longe os que têm mais sobrediagnóstico".
 
"Estamos a fazer diagnósticos de cancros muito pequeninos, que não iam dar chatices" porque não conseguiriam desenvolver-se no tempo de vida restante das pessoas, a maior parte delas idosas, salientou. 
 
Colocando-as no ciclo de tratamentos como a radiologia, os médicos estão, nesses casos, a "desgraçar os doentes", considerou, defendendo que cabe aos médicos serem razoáveis quando as pessoas os procuram para ir numa "caça ao cancro".
 
Quando um médico fala de cancro a um doente, "é difícil, depois de começar o processo", dizer-lhe depois que o cancro que se detetou é demasiado pequeno para justificar tratamento, reconheceu.
 
O investigador, considerado um dos patologistas mais influentes no mundo, defendeu no entanto a necessidade de continuar a fazer-se rastreios à população, essenciais para o diagnóstico precoce: "isso é importantíssimo", reforçou.
 
Só que "há cancros muito agressivos e outros pouco agressivos", destacou.
 
Num país como a Coreia do Sul, começou a rastrear-se o cancro da tiróide, que passou para quarto tipo de cancro mais frequente, acionando tratamentos e extrações da tiróide que são "caríssimos para o serviço nacional de saúde", mas a mortalidade mantem-se exactamente igual.

 

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