Parar para almoçar pode não ser assim tão importante, sobretudo com o chefe por perto

Estudo diz que se for o próprio a optar por trabalhar na hora de almoço que os efeitos são menos maus do que o convívio forçado ou as conversas sobre o emprego. Ainda assim reforça que é sempre importante encontrar momentos de relaxamento.

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Para os autores, quando os trabalhadores almoçam com colegas e não estão a falar à vontade também acabam por não descansar Fernando Veludo

Trabalhar durante a hora de almoço pode não ser tão mau quanto se pensa, sobretudo se no local onde se come estiverem os chefes por perto e os temas de conversa continuarem a ser trabalho. A questão é que a decisão deve partir do próprio trabalhador e nunca deve ser imposta, conclui um estudo da University of Toronto Scarborough.

De acordo com o trabalho que será publicado no Academy of Management Journal, apesar de se dar muita importância à paragem para almoçar, o fundamental é que seja o trabalhador a decidir se pretende ou não usufruir desse tempo. “Percebemos que um elemento crítico é ter a liberdade de escolher almoçar ou não”, explica num comunicado John Trugakos, um dos autores do estudo e professor do departamento de gestão da universidade do Canadá.

“O aspecto da autonomia ajuda-nos a ultrapassar a forma de pensar tradicional de como era bom passar o tempo de pausa”, acrescentou o investigador, que explicou que para o estudo contaram com uma amostra de administrativos de uma grande universidade norte-americana.

Os participantes tiveram de responder o que fizeram durante o horário de almoço durante dez dias e, ao mesmo tempo, os investigadores perguntaram aos seus colegas como descreveriam o estado de cansaço de cada um ao fim do dia.

Trabalhador que não para está menos cansado
Com as respostas, foi possível ver que aqueles que escolheram actividades mais relaxantes e que as fizeram por iniciativa própria chegaram ao final do dia menos cansados. Pelo contrário, os que trabalharam à hora de almoço estavam mais cansados, mas muitas vezes tanto como os que pararam para almoçar. Aliás, notou-se até um padrão: quando o trabalhador não parou por opção chegou ao fim do dia menos cansado.

“Socializar, contudo, também mostrou ter elevados níveis de fadiga”, diz o comunicado, salientando que se o trabalhador também não tiver oportunidade de escolher com quem almoça acaba por ser afectado da mesma forma pelo cansaço. John Trugakos exemplifica que quando o almoço é numa cantina comum, com os chefes por perto, em que os colegas se sentam na mesma mesa a falar de trabalho, constrangidos com o que podem dizer, que isso acaba por ter um impacto bastante negativo.

Por isso mesmo, os investigadores alertam as empresas e organizações que devem apostar na autonomia, mas sem esquecer que caso não criem oportunidades de os trabalhadores recuperarem durante o dia, correm o risco de verem a sua produtividade e eficácia reduzir, aumentando os casos de absentismo e mesmo de burnout.
 

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