Pais em vigília no Ministério da Educação

Enquanto decorria a vigília ficou a saber-se da demissão do secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, notícia que foi recebida com aplausos.

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Colocação dos professores continua a motivar polémica Cláudia Ribeiro/NFactos

Cerca de meia centena de encarregados de educação de estabelecimentos de ensino da região de Lisboa juntaram-se nesta sexta-feira, em vigília, em frente ao Ministério da Educação e Ciência (MEC) para denunciarem situações que se vivem nas escolas.

Na escola básica de 2.º e 3.º ciclo de Vialonga, Vila Franca de Xira, por exemplo, “em mais de metade das turmas faltam professores”, denunciou José Luís Vieira, da associação de pais daquele estabelecimento.

Além do “inédito início de aulas” deste ano, aquela escola enfrenta outros problemas, como “a falta de auxiliares, sobrelotação e o facto de as aulas de Educação Física e de Ensino Artístico serem dadas a um quilómetro da escola”, explicou o encarregado de educação à agência Lusa.

“A angústia dos pais é enorme”, referiu.

A convocatória “informal” para esta vigília, que começou pelas 18h30, foi feita por Tiago Brazão, pai e encarregado de educação.

“A situação da minha filha, felizmente, está resolvida, mas tenho conhecimento de muitos casos” que ainda não estão, disse à Lusa, sublinhando que “o fundamental aqui são as crianças”.

A ideia da vigília, “que é o passo seguinte às manifestações à porta das escolas, surgiu em conversas com amigos, que também são pais”.

“Estão a tentar retirar um direito das nossas crianças”, sublinhou Tiago Frazão.

Apelação é caso “grave”
Na vigília esteve também o presidente da Câmara Municipal de Loures (CDU), Bernardino Soares, que revelou que naquele concelho “há problemas em todas as escolas, mas o mais grave é na Apelação”.

“Na semana passada faltava metade do corpo docente e havia turmas sem aulas”, disse à Lusa, adiantando que o director daquele agrupamento de escolas, Félix Bolaños, “demitiu-se na sequência destes problemas”. A escola da Apelação acolhe alunos de bairros sociais como a Quinta da Fonte.

A deputada comunista Rita Rato também marcou presença na vigília, “solidária com a luta dos pais e comunidades escolares”.

Para a deputada, esta “situação insustentável e sem fim à vista” demonstra da parte do Governo “desrespeito e desprezo pelos pais e pelas crianças”.

“Esta situação não pode arrastar-se e tem que ser resolvida. Só uma lista nacional [para contratação de professores] pode salvaguardar isto”, afirmou, acrescentando que “não pode separar-se este processo da descredibilização da escola pública”.

Enquanto decorria a vigília ficou a saber-se da notícia da demissão do secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, que foi recebida com aplausos.

“O secretário de Estado podia levar consigo o ministro e todo o governo”, desabafou Bernardino Soares.

O secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Grancho, apresentou nesta sexta-feira a sua demissão alegando “motivos de ordem pessoal”, tendo sido aceite pelo ministro Nuno Crato, segundo um comunicado do MEC.

A demissão surge no dia em que o PÚBLICO noticiou que o secretário de Estado, em 2007, e enquanto presidente da Associação Nacional de Professores (ANP), plagiou textos produzidos por autores académicos sobre temas como deontologia profissional e formação inicial de professores. Sem citar os autores, João Grancho retirou extractos para usar num documento, no âmbito de um seminário que decorreu em Múrcia, Espanha, dedicado ao tema “A dimensão moral da profissão docente”.

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