Pais e alunos do Conservatório Nacional protestam contra degradação do edifício

Comunidade educativa exigiu em assembleia geral uma solução definitiva para os problemas que obrigaram ao encerramento de dez salas e deixaram muitos alunos sem aulas.

Foto
O violino foi submetido a longas investigações nos últimos anos Reuters

O toque do alarme de incêndio no final de uma assembleia geral de escola causou nesta terça-feira uma “enorme confusão” no Conservatório Nacional de Música, com pais e alunos a concentrarem-se à porta, do lado de fora, e a “aproveitar” para protestar contra o estado de degradação do edifício, que tem dez salas encerradas por falta de condições. “Queremos que o Ministério da Educação nos diga o que vai acontecer aos alunos que se encontram impedidos de frequentar as aulas, por falta de espaços”, disse Cátia Ferrão, representante dos pais dos estudantes.

Perto das 18h00, pais e alunos continuavam à porta, do lado de fora, por não lhes ter sido assegurado, ainda, que não havia um incêndio no edifício, disse Cátia Ferrão, frisando que "uma manifestação seria ilegal", por não terem pedido autorização. Entretanto, acrescentou, aproveitavam para "chamar a atenção para a gravidade do que se passa na escola". 

Na sequência de uma vistoria ao edifício, a direcção da Escola de Música do CN foi notificada a 30 de Janeiro pela Câmara de Lisboa, de que teria de encerrar, a partir de 16 de Fevereiro, dez salas de aulas, por questões de segurança. Naquele mesmo dia, a direcção terá decidido que os alunos com aulas previstas para aquelas salas (alguns do ensino integrado, com exames nacionais de Matemática e Português em Maio), não teriam aulas noutros espaços.

Na assembleia geral, nesta terça-feira, pais e alunos resolveram apoiar aquela decisão da direcção e exigir ao Ministério da Educação e Ciência (MEC) que encontre uma solução definitiva para os problemas de degradação do edifício, que se arrastam há anos; e também criar uma comissão que terá como missão chegar “à fala com representantes do Governo”, disseram ao PÚBLICO Cátia Ferrão e Maria Vidal, representantes dos encarregados de educação e da associação de estudantes, respectivamente. “Fazer rodar os alunos pelas salas que restam não resolveria o problema (já que continuaria a haver falta de espaços) e poderia servir de pretexto para adiar uma solução definitiva”, explicou Maria Vidal.

A directora da Escola de Música, Mafalda Pernão, confirmou que, "até ter uma resposta do MEC que não passe por fazer remendos", não avançará para "a rotatividade das crianças pelas salas", o que justificou com a necessidade de "soluções definitivas". "Isso também servirá apenas para minimizar problemas e não para os resolver, porque uma parte dos alunos ficaria um bocadinho pior para a outra ficar um bocadinho melhor. Não basta", insistiu.

Em resposta ao PÚBLICO, o MEC indicou, através do gabinete de imprensa, que “a Direcção-Geral de Estabelecimentos Escolares, através da Direcção de Serviços de Lisboa e Vale do Tejo, tem acompanhado com atenção a situação a Escola de Música do Conservatório Nacional”. “Foram já feitas duas vistorias técnicas ao edifício, a última delas na semana passada, tendo sido elaborado um levantamento das intervenções essenciais”, acrescenta, frisando que a “direcção da escola foi informada das intervenções dos procedimentos necessários para proceder a essas intervenções com a maior brevidade, através da apresentação de três propostas de orçamento”. Mafalda Pernão reagiu insistindo que "não houve acompanhamento" e que "os orçamentos são para remendos".

A questão também foi objecto de discussão no Parlamento, onde a maioria chumbou um requerimento do Bloco de Esquerda para ouvir o ministro da Educação sobre o encerramento das salas, alegando que já foi anunciada uma intervenção. Segundo a Lusa, Catarina Martins, do BE, frisou que está em causa um edifício classificado e de grande extensão com problemas estruturais de longa data e a exigir uma intervenção abrangente.

 

 

 

 

 

 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários