Os imbecilinhos

Há os imbecis sem noção do que se passa ou do que fazem. Mas estes são criaturas clássicas, úteis em qualquer sociedade em que tanto a concórdia como a discórdia precisam de ser automáticas e previsíveis.

Novidade são os imbecilinhos: são pessoas que querem compreender o que se passa (nas artes, na política, tanto faz) mas que não são capazes de segurar na cabeça mais de dois pontos de vista: o bom e o mau.

Sim, são limitados: limitados a dois mundos. Seria desonrar a religião maniqueísta chamá-los maniqueístas mas lá está: faz parte do estilo imbecilinho.

A palavra certa é estúpidos. São inocentes de qualquer inteligência. Não têm culpa. Só maldade. Querem passar, maldosamente, por minimamente espertos. Como não são totalmente estúpidos, percebem o bastante para enganar os muitos que são.

Os imbecilinhos manifestam-se nas chamadas redes sociais. Ou seja: é preciso ser-se imbecil (ou, no mínimo imbecilinho) para ter acesso a eles. A bem ver são completamente invisíveis. O que não consola ninguém: os meramente imbecis continuam a exprimir-se mal nos meios de comunicação social anteriores à Internet.

Dizem que nunca houve tantos malucos à solta na Internet. É mentira e falta de misericórdia: finalmente arranjaram maneira de se exprimir. O que só pode ser bom para eles. Os imbecilinhos, sobretudo, não precisam de ser lidos: precisam é de escrever e de pensar que podem ser lidos por um ou dois outros não-imbecilinhos.

É uma santa terapia.

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