Oposição da Guiné Equatorial no exílio aplaude saída das ONG portuguesas da CPLP

Coligação de formações da oposição no exílio questiona o convite feito por Barack Obama ao Presidente Obiang para participar na primeira cimeira Estados Unidos-África no próximo mês.

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Cavaco Silva e Teodoro Obiang na cimeira da CPLP que se realizou em Lisboa em 2008 Nacho Doce/Reuters

Ao mesmo tempo que se congratula pela decisão da Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento suspender o estatuto de observadora consultiva da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), depois de aprovada a entrada da Guiné Equatorial como estado-membro de pleno direito, a Coligação para a Restauração de um Estado de Direito (CORED) questiona o facto de o Presidente Teodoro Obiang estar entre os convidados do Presidente norte-americano Barack Obama para a primeira cimeira Estados Unidos-África, alguma vez realizada.

A lista de presenças ainda não foi divulgada para o encontro de alto nível, marcado para os dias 5 e 6 de Agosto em Washington, com o objectivo de promover o investimento e o comércio entre os Estados Unidos e o continente africano. Mas uma nota oficial, citada por vários sites noticiosos, como o da rádio Voz da América, referia que seriam convidados todos os países que estivessem em bons termos com os estados e que actualmente não estivessem suspensos da União Africana, como estão por exemplo o Egipto ou a República Centro Africana.

A CORED,  um movimento da oposição da Guiné Equatorial no exílio, garante que Omar al-Bashir do Sudão ou Robert Mugabe do Zimbabwe ficarão excluídos da cimeira, mas não Teodoro Obiang da Guiné Equatorial. E a razão que encontram prende-se com a importância, do ponto de vista energético, que este país representa para os Estados Unidos, mesmo sendo a Guiné Equatorial um país onde 20 anos de exploração petrolífera não proporcionaram nenhuma melhoria para a vida dos seus habitantes que são cerca de um milhão.

Pelo contrário, a CORED considera “corajosa” a opção da Plataforma Portuguesa das Organizações Não-Governamentais para o Desenvolvimento, anunciada na passada sexta-feira, após a CPLP ter admitido a Guiné Equatorial como membro de pleno direito numa cimeira em Dilí, na quarta-feira, na presença do Presidente português Cavaco Silva e do primeiro-ministro Passos Coelho.

"Esta decisão corajosa em protesto ao apoio que está recebendo o déspota que dirige o nosso país há 35 anos a partir do qual os democratas dizem, é, ao mesmo tempo, um sinal inequívoco de solidariedade para com o povo oprimido da Guiné Equatorial, na sua luta desigual contra o regime ultrajante e seus associados internos e externos", lê-se no comunicado da CORED.

Em carta dirigida ao secretário-executivo da CPLP, Murade Murargy, com conhecimento do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Luís Campos Ferreira, dos embaixadores dos estados-membros da CPLP e dos restantes observadores consultivos, a Plataforma comunicou ainda que, na próxima assembleia-geral, "será levada a votação a proposta de exclusão definitiva como observadora consultiva" da organização lusófona.

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