Olhão disponível para receber centro de refugiados mas não na Fuzeta

Local tinha sido disponibilizado pela Cruz Vermelha Portuguesa. Câmara deu outros terrenos como alternativa, para não prejudicar desenvolvimento do turismo.

Foto
Refugiados MUHAMMAD HAMED/REUTERS

A presidente do Conselho Português para os Refugiados (CPR) participou nesta terça-feira numa reunião na Câmara de Olhão para debater a possibilidade de instalar um centro de acolhimento para refugiados no terreno da Cruz Vermelha Portuguesa na Fuzeta, Algarve. A iniciativa de disponibilizar o terreno naquela freguesia do concelho de Olhão tinha partido da Cruz Vermelha Portuguesa, através da delegação de Moncarapacho-Fuzeta, mas na reunião essa localização foi afastada. No encontro, Teresa Tito de Morais defendeu que o país tem condições para acolher mais do que os 1500 refugiados avançados pelo Governo.

A dimensão da crise humanitária provocada pela vaga de refugiados que assola a Europa tem levado Portugal a rever o número de refugiados que vai receber. A quota de 1400 pessoas atribuída pela União Europeia subiu, numa primeira fase, para 1500 e o valor pode não ficar por aqui. Se as instalações algarvias avançarem, poderão ser recebidas 50 pessoas, mas noutros locais sugeridos pela autarquia. O espaço na Fuzeta tinha 1700 metros quadrados e destinava-se a um infantário que, devido à quebra da natalidade no país, acabou por não avançar. No entanto, segundo explicou a presidente do CPR, foi descartado pela própria câmara.

“Chegou-se a um consenso de que o terreno na Fuzeta não é o mais apropriado pela sua localização”, referiu também à Lusa o director-geral da Cruz Vermelha, Luís Névoa, que também esteve presente na reunião. De acordo com o presidente da autarquia, António Pina, a instalação do centro na Fuzeta “não se coaduna” com “uma vila que está a desenvolver-se no sentido do turismo”. As alternativas são nas freguesias de Quelfes e Pechão, fora da cidade, ou em Moncarapacho.

Segundo Teresa Tito de Morais, citada pela Lusa, já são acolhidos no país 300 refugiados que chegaram espontaneamente e com cinco autarquias disponíveis era possível ir além dos 1500. A responsável estimou que a chegada dos refugiados não deverá acontecer antes do fim de Outubro, uma vez que falta ainda “uma decisão política” e certezas relativamente ao financiamento, e sublinhou que os refugiados serão distribuídos por vários pontos do país e que o projecto previsto para Olhão terá ainda que passar “pelas autoridades portuguesas e por financiamento da Comissão Europeia”.

Antes da reunião sobre a Fuzeta, do lado dos partidos, o secretário-geral do PS tinha considerado fundamental a existência de uma política comum europeia de asilo e defendido que Portugal tem o dever e a capacidade de assumir uma posição “pró-activa” no acolhimento de refugiados. “O que se está a passar demonstra que não é possível vivermos num mundo globalizado sem uma Europa forte, designadamente sem uma política comum de asilo”, sustentou António Costa, citado pela Lusa, durante a sessão de live streaming em que participou a partir da sede nacional do PS, em Lisboa, e na qual respondeu às perguntas formuladas pelos internautas. Também o PCP, através de um comunicado, avançou que “apresentará nos próximos dias, no Parlamento Europeu, um conjunto de propostas visando alterar radicalmente a chamada 'resposta' da União Europeia aos movimentos de refugiados”.

Sugerir correcção
Ler 14 comentários