O que se lamenta, desolação, tristura

 “Aquela derrota do clube, em casa, foi uma tristeza!”, escreve-se no dicionário Verbo da Língua Portuguesa, depois de explicar um dos significados de “tristeza”. Numa adaptação actualizada, poderia substituir-se “clube” por “selecção portuguesa” e “em casa” por “no Mundial 2014”. Uma “tristura!”, diz-se ainda no Brasil.

Neste sentido, “tristeza” refere-se ao “que é triste e se lamenta”. A “tristeza” começou no jogo com a Alemanha (que Portugal perdeu, 4-0) e continuou no desafio com os EUA (2-2). Ironia do universo vocabular, “tristeza” significa também, para os brasileiros, “febre-do-texas”, uma doença que ataca bovinos. Com o Gana, foi a “tristeza” final, apesar da vitória (2-1). Para seguir em frente, a selecção teria de conseguir uma goleada e esperar que a Alemanha e os EUA não empatassem. Um “milagre” que não aconteceu.

A “tristeza” não é sempre igual, qualquer um de nós o sabe. Primeira acepção registada: “Sentimento de quem perde ou lamenta alguma coisa, de quem é ou está triste.” Frase exemplificativa: “Recordar o passado com tristeza.” Outra: “Falta de vivacidade, de animação.” Exemplo: “A tristeza das ruas depois de a festa acabar.”

Há vários sinónimos à escolha: “abatimento”, “melancolia” “desânimo”, “infelicidade”, “mágoa” e “desolação”, mas também “monotonia” ou “chateza”. E, claro, “falta de alegria”, como a de que padecem agora os portugueses adeptos de futebol. “Tivemos aquilo que merecemos”, disse Paulo Bento, o seleccionador.

“Tristeza” maior e verdadeira é a de não podermos voltar a partilhar esta página com Miguel Gaspar, que quinzenalmente nos convidava a olhar melhor para o que julgávamos já ter visto. 

Sugerir correcção
Comentar