“O meu medo é que as notas de engenharia disparem”

Em dia de saber as notas dos exames nacionais, os alunos começam a fazer as contas para o acesso ao ensino superior. É o caso de Inês Alonso, aluna de Ciências de Tecnologia que vê a subida da média de Matemática A como um desafio à sua entrada num curso de engenharia.

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Inês Alonso ficou desapontada com as notas Nelson Garrido

O sorriso na cara disfarça o tremer das mãos que teima em não parar. Inês desabafa: “Tenho muito medo, não sei o que esperar”. Há uma frase que repete e que parece não lhe sair da cabeça: “São as notas destes exames que vão decidir o meu futuro”, explica. Inês Alonso acabou o 12.º ano do curso de Ciências e Tecnologias. O PÚBLICO acompanhou-a quando no mês passado realizou os exames. Nesta segunda-feira fomos saber o que lhe disseram as pautas.

Na escola secundária Carolina Michaelis, no Porto, e em todas as escolas secundárias do país, os alunos do 12.º ano foram esta segunda-feira consultar as notas dos exames nacionais. “Tiraste 11, nos dois, que sortudo!”, ouve-se no corredor. O telemóvel vai passando da mão para o ouvido, os alunos percorrem as pautas à procura do seu nome e do nome dos amigos. Quando as notícias são boas, apressam-se a ligar aos pais.

Inês não é excepção. Fez os exames de Matemática A, Português, do 12.º ano, e ainda repetiu o de Biologia e Geologia, do 11.º. Fez uma primeira previsão das notas que teria depois de os critérios de classificação terem sido disponibilizados na Internet e não ficou descansada. “Eu estive sempre confiante, mas depois de ver os critérios veio tudo por água abaixo”, conta.

O dedo indicador procura o nome pelas listas organizadas em ordem alfabética e dispostas por exame. Anas, Carlos, Filipas e, finalmente, Inês. “Não percebo esta nota a Português”, conta. “Estou revoltada, vou pedir revisão da prova. Eu sei que não sou professora de Português, mas sei o que fiz e, pelos critérios, dava pelo menos para um 13 e tive 11”. A nota final à disciplina é 14, o que significa que desceu um valor.

Para o exame de Matemática A, o processo repete-se e a pauta revelou um 14: a nota mantém-se, Inês já estava à espera: “Calculei que seria isto depois de ver os critérios, mas queria mais, estudei muito, queria mais, muito mais”, diz. Resta então Biologia e Geologia, o exame para o qual menos estudou por ser só uma melhoria. “Contava melhorar, apesar de não estar muito bem preparada, mas infelizmente não consegui. A verdade é que também já estava a contar depois de ver os critérios”, explica, depois de ver um nove na pauta.

Para Inês o passo a seguir é o ensino superior. É agora que começa a fazer as contas. Quer arriscar em Engenharia Química: “Tenho quase a certeza de que nunca vou ter média, então estava a pensar em Engenharia do Ambiente, mas não custa tentar, se não entrar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, ainda posso entrar num instituto superior, tenho de pensar bem”. Por saber que queria engenharia, apostou mais no exame de Matemática A, já que seria sempre uma das suas provas de ingresso. “Não foi o que estava à espera, mas acho que serve. Este ano o exame de Matemática A foi mais fácil, a média subiu, o meu medo é que as notas de engenharia disparem”, conta com algum pesar na voz. Ainda não sabe se o próximo passo são as férias, porque pondera ir à segunda fase dos exames para se poder candidatar à segunda fase da universidade. “Perco uma semana de praia se for à segunda fase”, brinca, “mas acho que acaba sempre por compensar”.

Texto editado por Hugo Daniel Sousa

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