O grátis sem graça

As coisas gratuitas ofereceram prática gratuita.

A parte mais retrógrada de mim gostaria de pensar que tantos os mails como as fotografias digitais deveriam custar alguma coisa: para aí um euro por cada um.

Idealmente deveria ser o preço de um telegrama instantâneo ou de uma fotografia Polaroid: muito.

As pessoas forretas, que adoram não gastar dinheiro, adoram mails e fotografias digitais. Sobretudo quando as duas coisas se combinam e mandam a inúmeros recipientes, a custo zero, fotografias a custo zero, da viagem que fizeram a Havana.

Seria óptimo se as comunicações instantâneas (por email) fossem caríssimas. Não só pelo que se evitaria em merendinha (spam) como por tudo o que se escusava de sofrer à custa de convites de merda para "eventos" de merda, emitidos por empresas ditas, com razão, interesseiras e universidades, ditas, sem razão nenhuma, sérias.

Ao contrário do que eu gostaria de pensar, o facto das fotografias nada custarem não piorou a qualidade das fotografias populares. Continuam igualmente más. Limitaram-se a multiplicar-se. Se eu fosse obrigado a pronunciar-me, diria que são ligeiramente menos terríveis do que os fotógrafos amadores de há 40 anos atrás. É isso que é mais enfurecedor.

As coisas gratuitas ofereceram prática gratuita. Já não é preciso gastar muito dinheiro em experiências falhadas. É verdade que a maioria dos maus e dos medíocres segue em frente, estragando tudo. Mas um ou dois dos bons, apesar de não terem dinheiro, passam.

E assim já vale a pena.

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