Nuno Crato: “Está fora de causa” anular todos os exames de Português

Ministro justificou antecipação dos exames de Matemática e disse que a greve geral não é comparável à greve dos professores de segunda-feira.

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Nuno Crato diz que se está a esforçar por reduzir a dimensão do ministério Daniel Rocha

O ministro da Educação, Nuno Crato, garantiu nesta quarta-feira que “está fora de causa” anular o exame de Português desta segunda-feira, dia em que a greve dos professores impediu cerca de 18 mil alunos de prestarem provas.

O ministro admitiu que alguns alunos possam ter realizado a prova em condições anormais e prometeu que o Júri Nacional de Exames vai decidir “o mais depressa possível” sobre esses casos. “Se há uma sala de aula onde os exames não decorreram com normalidade, é evidente que o exame vai ter de ser repensado”, disse Nuno Crato, em entrevista à RTP, deixando claro que “está fora de causa” a anulação de todas as provas.

Nuno Crato defendeu ainda que a remarcação para 2 de Julho do exame de Português para os alunos que não fizeram a prova na segunda-feira foi “um recurso absoluto” e recusou a ideia de que esta remarcação seja a prova de que o melhor teria sido o Ministério da Educação alterar a data inicial.

O ministro insistiu que não alterou a data do exame de Português por não ter tido um compromisso por parte dos sindicatos de que não haveria mais greves no período de exames, algo que os sindicatos negam.

Questionado sobre o desafio da Fenprof (Federação Nacional de Professores) para que divulgue as gravações da reunião, Crato disse que está disponível para o fazer, mas contrapôs que isso “não vai esclarecer nada”: “Houve duas reuniões. Estamos a falar de coisas diferentes.”

O ministro disse, por outro lado, que alterar a data dos exames de Matemática dos 6.º e 9.º ano (previstos para 27 de Junho, dia de greve geral) “era uma decisão inevitável para defender o interesse dos alunos”, alegando que a greve geral coloca “tudo em causa” – “os transportes, o fornecimento, o trânsito, os funcionários”, pelo que não é comparável à greve de segunda-feira, que foi exclusivamente de professores.

Quanto às grandes questões que têm motivado os protestos dos professores – a mobilidade especial e o aumento do horário de trabalho –, Nuno Crato procurou desdramatizar, mostrando abertura para reconhecer algumas especificidades da profissão de professor.

O ministro admitiu um período transitório de um ano antes de colocar professores na mobilidade (agora chamada requalificação profissional) e até disse que poderá não haver excesso de professores: “Neste momento temos 600 professores com horário-zero e cerca de 6000 vão reformar-se.”

Sobre o aumento do horário de trabalho de 35 para 40 horas semanais, Nuno Crato reconheceu que “na sua grande maioria os professores já trabalham cerca de 40 horas” e repetiu que “a componente lectiva vai manter-se”.

A entrevista terminou com uma referência à célebre frase de Nuno Crato, dita antes de ser ministro, sobre a necessidade de implodir o Ministério da Educação. “Tenho-me esforçado para reduzir o centralismo e a dimensão do Ministério da Educação. Há muito mais a fazer", respondeu.

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