Nuno Artur Silva e Gonçalo Reis escolhidos para a administração da RTP

Argumentista deverá ficar com pelouro dos conteúdos, enquanto antigo deputado do PSD presidirá aos destinos da televisão pública. Falta ainda conhecer proposta do Conselho Geral Independente para o pelouro financeiro.

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Nuno Artur Silva Nuno Ferreira Santos

O argumentista Nuno Artur Silva e o gestor Gonçalo Reis foram os nomes apresentados ao Governo pelo Conselho Geral Independente (CGI) da RTP para a administração da estação pública.

O fundador das Produções Fictícias, Nuno Artur Silva, cujo nome chegou a ser ventilado no passado para este cargo, sem nunca se ter concretizado, foi indicado para o pelouro dos conteúdos.

O antigo deputado do PSD Gonçalo Reis, por seu turno, já passou pela administração da RTP, no tempo de Almerindo Marques, entre 2002 e 2007, ano em que transitou para funções idênticas nas Estradas de Portugal. Em 2009 tornou-se vereador da Câmara de Lisboa pelo PSD, na equipa liderada por Santana Lopes. Devido a “incompatibilidades de tempo decorrentes de razões profissionais", pediu a suspensão de mandato um ano depois, nunca tendo voltado a assumir funções na autarquia. Antes disso, entre 2002 e 2005, tinha sido deputado social-democrata. Foi nessa qualidade que participou na comissão parlamentar de inquérito à tragédia de Camarate.

Com 45 anos, Gonçalo Reis sucede na presidência do conselho de administração da estação pública de televisão a Alberto da Ponte. Foi vice-presidente da multinacional de publicidade e comunicação Havas, desempenhando actualmente funções de no fundo de private equity Explorer Investments.

Está ainda por decidir o nome do terceiro administrador da RTP, que terá o pelouro financeiro. "O nome do vogal do conselho de administração responsável pela área financeira será tornado público após parecer, prévio e vinculativo, do membro do Governo responsável pela área das Finanças", explica o CGI num comunicado que chegou já ao final do dia às redacções, no qual acrescenta que "acordará com o futuro conselho de administração o projecto estratégico para o respectivo mandato".

É precisamente essa uma das funções do Conselho Geral, órgão independente que tem como missão definir as linhas orientadoras da empresa para o cumprimento das obrigações do serviço público, em substituição da tutela.

Em Dezembro, o CGI chumbou o plano estratégico gizado pela administração liderada por Alberto da Ponte,  considerando que o facto de não ter sido informado sobre a aquisição dos direitos de transmissão dos jogos da Liga de Campeões violava o princípio de lealdade. E propôs a sua destituição, tendo-lhe sido retirada a confiança pelo Governo. Tanto o ministro da presidência, Marques Guedes, como o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, criticaram a compra dos direitos dos jogos. “Tenho dificuldade em compreender como é que uma empresa pública que se está a reestruturar e é financiada pelos contribuintes decide gastar recursos num mercado que em condições normais pode ser assegurado pelo sector privado”, observou na altura Paulo Portas.

A escolha de Nuno Artur Silva é do agrado da comissão de trabalhadores. "Já era altura de ter na administração da RTP pessoas conhecedoras e com peso na actividade televisiva", observa Camilo Azevedo, desta comissão. "É quase inédito, e muito positivo", acrescenta, escusando-se a pronunciar-se, pelo menos por enquanto, sobre Gonçalo Reis: "Não tivemos grande contacto com ele". Para o representante dos trabalhadores, é altura de "inverter o desmantelamento do serviço público de televisão feito pela administração que agora sai". Camilo Azevedo espera que os trabalhadores sejam ouvidos na elaboração do novo projecto estratégico.

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