Número de pedidos de apoio diminuiu, dizem os Narcóticos Anónimos

Este sábado, em Vila do Conde, começa a 25ª convenção dos Narcóticos Anóninmos. Quando se assinalam 30 anos da organização em Portugal, esta faz um balanço do número de toxicodependentes a recorrerem a ajuda no país.

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Fernando Veludo/NFactos/arquivo

Os Narcóticos Anónimos (NA) fazem 30 anos em Portugal e, apesar do número de adictos a pedir apoio ter diminuído, a organização estima que as pessoas a precisarem de ajuda são em número igual a quando começaram. Em declarações à Lusa, Pedro (nome fictício), voluntário dos NA em Portugal explicou que as reuniões começaram em Lisboa há 30 anos, tendo o crescimento da organização sido "exponencial nos primeiros anos", mas que terá abrandado depois, tendo havido até "algum retrocesso".

"No início da nossa existência tínhamos 200 grupos e, neste momento temos 130 grupos a funcionar numa base semanal em todo o país. Se me perguntar se o número de pessoas diminuiu, digo que não, o número de pessoas a precisar de ajuda é o mesmo. Em determinada altura podia haver fenómenos que levavam as pessoas a aderir mais", explicou, Pedro, o voluntário dos NA, que este fim-de-semana se reúnem em convenção.

Pedro reconhece, no entanto, que o número actual de reuniões semanais de ajuda que ocorre actualmente (130) "se ajusta mais à dimensão do país, comparado com o resto da Europa, do que os 200 que chegaram a ter.”

No sábado arranca em Vila do Conde, Porto, a 25ª convenção anual dos NA em Portugal. A organização do evento, que decorrerá no Cine Teatro Municipal de Vila do Conde, destaca esta realização por se tratar da celebração dos 30 anos da instalação da organização NA em Portugal e será subordinada ao tema "30 anos a mudar vidas".

Pedro explica que o organismo não faz qualquer distinção em relação às drogas, álcool incluído, sobre as quais as pessoas vão pedir ajuda para "travar o vício", reconhecendo que não tem dados sobre quais são aquelas que trazem mais pessoas à organização. "Dedicamos e recebemos da mesma forma qualquer pessoa que venha ter connosco por sentir que tem um problema com drogas, incluindo as legais, como os medicamentos. Há pessoas que abusam de determinado tipo de fármacos e assistem regularmente às nossas reuniões e se mantêm limpas e abstinentes", explicou à Lusa.

Os NA são uma organização mundial e uma associação sem fins lucrativos com estatuto de utilidade pública, composta por toxicodependentes que se reúnem de forma regular com o objectivo "de se ajudarem mutuamente a manterem-se abstinentes das drogas através da partilha de experiências pessoais de força, fé e esperança".

A organização garante o anonimato, o sigilo e a igualdade para quem frequenta as reuniões e procura a recuperação através do método dos 12 passos, que seguem um conjunto de princípios comuns, adaptados dos Doze Passos e das Doze Tradições de Alcoólicos Anónimos. O programa de 12 passos foi criado nos Estados Unidos em 1935, por Bill W. e Dr. Bob S., inicialmente para o tratamento do alcoolismo e mais tarde estendido para praticamente todos os tipos de dependência química e constitui a estratégia central da grande maioria dos grupos de mútua-ajuda para o tratamento de dependências químicas ou compulsões.

Um estudo de 2013, realizado pelos Narcóticos Anónimos da Região Portuguesa revela que a forma como os adictos conheceram a organização foi através dos centros de tratamento (37%), enquanto 22% revela que ficou a par do trabalho do organismo através de amigos e 18% através de familiares.

Com a percentagem mais baixa surgem os hospitais, sistema judicial, os meios de comunicação e o médico de família, apenas com 1%. A maior parte dos participantes no inquérito, que teve como objectivo uma caracterização dos membros e a forma e o impacto que a mensagem dos NA tem na comunidade, encontrava-se abstinente entre 1 e 3 anos -- 21 % - enquanto 4% estava há menos de 6 meses. No entanto, revela o estudo que 17% estavam há mais de 15 anos abstinentes de qualquer tipo de drogas, 16% entre 5 e 10 anos e 13% entre 10 e 15 anos.

Dos adictos, 79% tinham um grupo de base, contra 21% que não pertenciam a nenhum, sendo que 47% assistia entre 4 ou menos reuniões por mês, enquanto a grande maioria das pessoas inquiridas, 25%, participava entre 5 e 8 meses. O inquérito teve como amostra 280 questionários de participantes na 23.ª convenção portuguesa.

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