Notas do 9.º ano subiram a Português e a Matemática

Os alunos parecem ter tido razão: este ano, os exames nacionais do 9.º ano foram mais fáceis. A Português a classificação média subiu de 49% para 56% e a Matemática de 44% para 53%. Nada que as associações de professores não tivessem previsto.

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Rui Gaudêncio (arquivo)

Os alunos do 9.º ano consideraram os exames nacionais “fáceis” e os resultados, conhecidos nesta segunda-feira, mostram que eles tinham razão para isso. A Português a média das classificações subiu 7 pontos percentuais, de 49% para 56%, e na disciplina de Matemática o salto foi de 9 pontos, de 44% para 53%. Ainda assim quase um terço dos alunos (31 %) chumbou a Matemática.

Na prova de Português (91) observou-se que 69% dos alunos obtiveram uma classificação igual ou superior a 50% e  53% obtiveram classificação igual ou superior a 50% na prova de Matemática (92), anunciou o Ministério da Educação e Ciência (MEC).

Estes  valores dizem respeito aos alunos internos que, de acordo com a mesma fonte, não terão competências muito diferentes dos que fizeram exames no ano passado. Isto a avaliar pelas notas de frequência, ou seja, pelas que lhes foram atribuídas pelos professores que os acompanharam durante o ano lectivo. A Português, os 91.986 alunos que prestaram provas foram a exame com a nota média de 3,2 (em cinco valores) tal como os colegas do ano passado; e os 92.129 que prestaram provas a Matemática em 2014 apresentaram-se também com uma classificação média igual à dos colegas que fizeram exame em 2013: 3 valores, neste caso. 

A melhoria de resultados é saudada pelo MEC, que frisa que, “em termos gerais, estas classificações evidenciam uma subida significativa em comparação com os resultados do ano anterior”. Realça ainda a “diminuição significativa da taxa de reprovação das disciplinas de Português e de Matemática em, respectivamente, 3 e 4 pontos percentuais, relativamente ao ano transacto”.

O Instituto de Avaliação Educacional (IAVE), que também se refere aos resultados dos exames em comunicado, é mais lacónico na sua intervenção, que está marcada por alusões às afirmações dos alunos, que consideraram as provas mais fáceis do que as do ano passado, e às análises, no mesmo sentido, dos dirigentes das associações de professores e da Sociedade Portuguesa de Matemática.

A direcção daquela organização científica, em particular, chegou a criticar a falta de complexidade do exame e registou que “uma expectável subida da média nacional em relação aos últimos anos” não permitiria, “infelizmente, concluir que houve uma melhoria objectiva do desempenho escolar”.

Nesta segunda-feira o IAVE escreveu que, “sendo de realçar o carácter positivo da evolução dos resultados médios, em particular o facto de neste ano lectivo se situarem acima de 50% em ambas as disciplinas, a amplitude da sua variação enquadra-se dentro de limites considerados estatisticamente não relevantes”. E, na sequência de mais uma série de considerações, conclui que, “em suma, e contrariamente ao afirmado aquando da realização das provas, as variações observadas, bem como, em regra, as variações interanuais dos resultados médios agora divulgados, não permitem caracterizar as provas como «fáceis» ou «difíceis» ou fazer inferências consistentes e válidas sobra a evolução da qualidade do desempenho dos alunos”. “Apenas leituras longitudinais longas, centradas não nos resultados das provas mas antes numa análise detalhada do comportamento dos resultados de itens cujas propriedades sejam reconhecidas como similares, permitem fazer inferências com algum rigor sobre aquela evolução”, corrige. 

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da SPM, Miguel Abreu, desvalorizou a alusão, mas insistiu que a prova deste ano “foi desadequada” e “claramente mais fácil” do que a do ano passado, pelo que “não se pode fazer comparações”. A presidente da Associação de Professores de Matemática, Lurdes Figueiral, saudou a melhoria dos resultados, mas por, na sua perspectiva, corresponderem a uma prova com uma qualidade superior à de 2013, pelo que também não quis tirar ilações de uma eventual evolução.

A presidente da Associação de Professores de Português, Edviges Ferreira critica, iguamente, o IAVE.  Neste caso, por considerar que a prova de 2013 foi “completamente desajustada e que a deste ano foi adequada”. “Nestas circunstâncias não é possível fazer análises e tirar conclusões – Se as notas não subissem é que seria preocupante”, disse.

Em comunicado o MEC refere que na realização das provas do 9º ano estiveram envolvidos cerca de 10.000 docentes em funções de vigilância e no secretariado de exames. A correcção foi feita por 5.154 professores classificadores do 3.º ciclo do ensino básico.

 

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