Marcados pela violência: no Dia dos Namorados, APAV lança campanha

Os jovens, entre os 13 e os 25 anos, são o público-alvo de uma nova campanha.

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Ela tem um corte na sobrancelha. Está marcada. Ele tem uma nódoa negra. Está marcado. As duas imagens fazem parte de uma nova campanha da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV), que é lançada no Facebook neste domingo, quando se assinala o Dia dos Namorados. O mote é: “Se te marcam, sabes com quem partilhar.” Os jovens, entre os 13 e os 25 anos, são o público-alvo, explicou ao PÚBLICO Daniel Cotrim, assessor técnico da direcção da associação.

Pouco romântica, esta campanha? Nos últimos dias, vários estudos recentes têm dado conta de “números alarmantes”, como lembra Daniel Cotrim. Na sexta-feira, a União de Mulheres Alternativa e Resposta revelou que um em cada seis jovens acha normal forçar relações sexuais. Neste sábado, foi notícia que o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) analisou, em 2015, mais 44% de casos relacionados com violência no namoro — um total de 699 pessoas foram submetidas a perícias médicas depois de terem feito uma queixa às autoridades relacionada com agressões do namorado ou da namorada (ou dos ex-namorados). Há vítimas de 14 anos. Na maior parte dos casos, os agressores são homens.

Daniel Cotrim diz que estes números mostram duas coisas: que “mais rapazes e raparigas estão sensbilizados para denunciar” num país onde isso está facilitado porque “a violência no namoro é, na lei, violência doméstica”; e, por outro lado, que “é preciso que toda a gente trabalhe na prevenção, para a igualdade e para a cidadania”. “Se calhar, achávamos que havia mitos e estereótipos que tinham sido destruídos mas, na verdade, continuam muito presentes entre os mais jovens”, explica. E uma das ideias “ainda muito vincadas” é a “do poder dos homens face às mulheres”.

A campanha da APAV foi feita pela CARMEN, a agência criativa do YoungNetwork Group. E está no Facebook para ser partilhada nos próximos dias. Deixa um apelo: que quem sofre, não se cale. Daniel Cotrim espera que as imagens recebam muitos "não gostos" e se tornem virais.

Já os números avançados pelo INMLCF, neste sábado, à agência Lusa, baseiam-se numa análise dos 23.752 casos de violência analisados pelos técnicos do instituto, dos quais 699 relacionados com violência em contexto de namoro, e serão divulgados no seminário “E se a escola do namoro formasse profissionais em violência?”, na próxima semana, na Universidade de Coimbra.

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