Nas provas para professores houve perguntas em falta e correcções erradas

IAVE nega erro na correcção da prova de Filosofia, mas confirma omissões noutras provas destinadas aos professores. MInistério diz que tudo decorreu com "normalidade"

Foto
Provas para professores com menos de cinco anos de servço terminaram nesta sexta-feira RUI GAUDÊNCIO

O Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) negou nesta sexta-feira, em resposta ao PÚBLICO, que “não há nenhum erro” na minuta de correcção da prova destinada aos professores de Filosofia, que integrou o pacote de testes das chamadas componentes específicas da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades (PACC), cujo processo se concluiu esta sexta-feira.

A Federação Nacional de Professores tinha dada conta, esta quinta-feira, de um “erro grave” na correcção elaborada pelo IAVE, que foi confirmado ao PÚBLICO por um professor de Filosofia do ensino secundário. Outros dois docentes enviaram esta sexta-feira e-mails a certificar a correcção proposta pelo IAVE para o item 8 da prova de Filosofia (sobre o utilitarismo de Stuart Mill), realizada na quarta-feira, frisando que não existem dúvidas de que a resposta apontada é a certa.

O IAVE confirmou, por outro lado, que no enunciado da prova de Biologia e Geologia distribuído aos professores na quinta-feira faltava uma pergunta e que por isso “foi enviada uma errata” com a questão em falta. “Chegou aos candidatos logo no início da prova, não se justificando a concessão de tempo suplementar”. Numa nota à comunicação social, o movimento Cerco&Boicote, que tentou impedir a realização da PACC na sua estreia, em 2014, enviou um testemunho de um docente que realizou a prova de Biologia, dando conta que a errata chegou quando já se “caminhava a passos largos para o término do tempo regulamentar”.

Também na prova de Espanhol, realizada na quinta-feira, havia erros na correcção elaborada pelo IAVE, que foi colocada no site do instituto esta quinta-feira. À frente dos critérios de classificação havia esta sexta-feira no mesmo site esta nota: “Chave das respostas rectificada a 27 de Março).

Na prova de Português destinada aos professores do 1.º e do 2.º ciclo, realizada na quarta-feira, “uma omissão” no enunciado levou a que o Júri Nacional da Prova fosse obrigado a conceder mais 30 minutos, o que foi feito já no final da prova, para que os docentes candidatos ao 1.º ciclo pudessem reformular o texto que lhes foi pedido de modo a ter como base o programa e as metas para o 1.º ciclo. No enunciado falava-se apenas do 2.º ciclo.

Em comunicado divulgado esta tarde, a Fenprof, que denunciou o caso, dá conta de que a informação sobre a “omissão” não chegou a todas as escolas e que houve professores que por isso não souberam que podiam reformular a resposta em causa. “Estão a chegar à Fenprof denúncias nesse sentido vindas de vários pontos do país. O MEC tem a imediata obrigação de esclarecer como pretende lidar com esta situação”, afirma-se no comunicado.

O IAVE anunciou esta sexta-feira que não vai anular a prova. “Na classificação será garantido que nenhum professor será prejudicado”, acrescentou.  

A Fenprof chama ainda a atenção para o facto de o enunciado que foi colocado no site do IAVE não corresponder ao que foi distribuído aos professores. A versão publicada foi a corrigida, mas sem qualquer menção ao facto.

A PACC é obrigatória para professores com menos de cinco anos de serviço que queiram candidatar-se a dar aulas. A componente geral já se realizou por duas vezes, mas as provas específicas, que se destinam a avaliar os conhecimentos dos professores nas disciplinas a que se candidatam, realizaram-se agora pela primeira vez. 

O Ministério da Educação e Ciência (MEC) indicou que nos três dias em que se realizaram as provas especificas da PACC registaram-se 1345 presenças. Tinham-se inscritos 1565. Os números divulgados pelo MEC não permitem apurar quantos faltaram porque como houve vários professores que se inscreveram para mais do que uma prova o número de presenças não equivale ao total dos que realizarem a componente específica.

Segundo o MEC, “em todos os dias da PACC registaram-se percentagens de presenças acima dos 90%”. As provas foram realizadas em 78 escolas do país e ilhas e em outras três no estrangeiro. Numa nota à comunicação social, o ministério assinala que o processo se “realizou com toda a normalidade e tranquilidade” e destaca “o empenho e a colaboração dos directores das escolas e dos professores envolvidos”. No total foram realizadas 2338 provas.

 

Sugerir correcção
Comentar