MP investiga e acusa Anonymous de falso ataque ao site da Procuradoria de Lisboa

PGR salienta que ataque divulgado na terça-feira, 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, foi simulado com recurso a uma página forjada. Apesar disso, o caso está a ser alvo de um inquérito.

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Paulo Pimenta

O ataque ao site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa, largamente noticiado esta terça-feira, não passou, afinal, de uma falsa investida. Quem o garante é a Procuradoria-Geral da República (PGR) que sublinha que o que sucedeu foi uma “espécie de simulação de ataque divulgado no Facebook” com recurso a “uma página falsa”. Esta, assegurou a PGR ao PÚBLICO, “pretendia fazer-se passar pela autêntica” da procuradoria.

A PGR, liderada por Joana Marques Vidal, que está a investigar o caso no âmbito de um inquérito apesar de o considerar um ataque forjado, assegura que o “autor destes factos não acedeu ao servidor nem entrou no sistema”. A PJ ainda não recebeu qualquer informação sobre o caso, garantiu fonte daquela polícia.

“A página da Procuradoria não foi alvo de ataque informático [terça-feira], conforme foi anunciado por alguns órgãos de comunicação social. A página esteve a funcionar sempre, sem qualquer interrupção nem qualquer erro, desde que foi reposta em funcionamento há mais de um mês”, sublinhou ao PÚBLICO a PGR.

O alegado ataque foi reivindicado pelos OutsideTheLaw, um grupo ligado ao Anonymous. “Já me viu na Net e nas manifestações ao seu lado. Eu sou aquele que leva com bastonadas, com gás pimenta, a quem o Governo chama de pirata e quer ver preso por lutar pelos seus direitos e dos seus filhos. E agora? Já gosta da minha máscara?”, dizia uma mensagem colocada pelos piratas informáticos que surgia alegadamente numa imagem que introduziram na página da Procuradoria de Lisboa. Esta investida, que altera a face da página atacada, é conhecida nestes casos por deface.

Piratas informáticos insistem que “o ataque não foi falso”
Os OutsideTheLaw sublinham que “o ataque não foi falso”. “O ataque foi feito por XSS, alterando o código de algumas páginas”, disse aquele grupo numa mensagem enviada ao PÚBLICO e salientando que aproveitaram uma “vulnerabilidade” do site.

A alteração provocada pelos piratas informáticos não surge na página principal do portal da Procuradoria, mas foi confirmada pelo PÚBLICO. “Nós sabíamos que isto ia acontecer porque a PGR não podia admitir dois ataques [já tinha havido um em Abril] seguidos. Atacamos um link e eles resolveram a falha, mas existem mais falhas. Atacamos depois outro. Sabíamos que eles iriam desmentir tudo, por isso nós guardamos uma vulnerabilidade e agora a PGR não tem como desmentir”, acrescentou o grupo. 

No Facebook, os OutsideTheLaw divulgaram o alegado ataque publicando uma imagem cópia do ecrã de um computador que tentara aceder ao site da Procuradoria de Lisboa, verificando a investida. A cópia do ecrã, normalmente designada de print-screen, serviria para provar que tinha havido um ataque.  

A imagem surgia em fundo negro ao lado da típica máscara que simboliza os Anonymous. Lia-se ainda o mote “liberdade de expressão” e o nome atribuído ao ataque: Operação Valquíria.

Segundo a PGR, contudo, este “não foi um ataque verdadeiro” e quem o fez “apenas alterou as instruções do browser para que a página” da Procuradoria “aparecesse no seu computador - e só no seu computador – alterada”. Depois, diz a PGR, o pirata informático gravou essa imagem – designada de print screen – e “divulgou-a como se fosse um ataque”.

Também o link que fora divulgado pelos Anonymous não é um link “autêntico” do site da Procuradoria. “Qualquer outra pessoa que acedesse ao site, a partir de outro computador”, iria ver como “o site estava verdadeiramente, portanto a funcionar bem ”, aponta a PGR.

Não seria a primeira vez que um ataque de piratas informáticos coincide com datas comemorativas importantes na história do país. A 25 de Abril, outro grupo ligado aos Anonymous, os Sudoh4k3rs, atacaram o site da Procuradoria de Lisboa. Dessa vez, porém, conseguiram obter os contactos de quase dois mil procuradores, dados que expuseram na Internet a par de uma foto da família do magistrado que coordena o Gabinete do Cibercrime na PGR, Pedro Verdelho. 

 Notícia actualizada às 20h37 com a reacção do grupo responsável pelo alegado ataque informático ligado aos Anonymous.

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