MP acusa rede que usava dezenas de crianças para praticar crimes

Organização desmantelada há um ano integrava 46 arguidos, a maioria de nacionalidade bósnia.

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O grupo usava diversas casas onde aparentavam constituir-se como famílias normais Helena Colaço Salazar

O Ministério Público (MP) deduziu acusação contra 46 arguidos, a maioria de nacionalidade bósnia, que integravam uma rede desmantelada há um ano que usava dezenas de crianças para a prática de crimes.

No comunicado publicado nesta sexta-feira no site da Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa lê-se que a acusação foi proferida a 30 de Setembro e que ficou indiciado que os arguidos formavam um grupo criminoso transnacional que se dedicava à prática reiterada de furtos em Portugal, “dos quais auferiam elevados proventos económicos, uma vez que viviam exclusivamente desta actividade criminosa”.

Segundo o MP, estão acusados de associação criminosa, associação criminosa para o auxílio à imigração ilegal, imigração ilegal, furtos qualificados, burlas informáticas, falsificação de documentos e violência doméstica “em concurso aparente com maus tratos de menores”.

Estes arguidos foram detidos há um ano (a 11 e 12 de Outubro), na zona da Grande Lisboa, numa operação conjunta do MP, a GNR e o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, durante a qual foram localizadas 30 crianças sem documentos de identidade em estado “de abandono e de maus tratos” e usadas para a prática de crimes. 

Desde então que 16 arguidos estão em prisão preventiva. “Os líderes desta organização auferiam elevados proventos com esta actividade criminosa, mantinham uma logística em várias casas onde aparentavam constituir-se como famílias com crianças, mas onde na realidade as crianças permaneciam em estado de completo abandono, sem assistência médica ou a alimentação necessária, em estado de sofrimento e fome”, lê-se.

Quando esta rede foi desmantelada, a GNR e o SEF emitiram um comunicado dizendo que se efectuaram 20 detenções e oito buscas domiciliárias, em que foram apreendidas sete viaturas de alta cilindrada e mais de 100 mil euros.

De acordo com informação recolhida pelo PÚBLICO na altura, a célula da rede, com dimensão desconhecida, teria uma estrutura de base familiar, com estratificação por clãs, em que um clã dominava. Os que estavam no topo seriam pessoas altamente informadas, conhecendo bem as leis de circulação no espaço Schengen ou questões tributárias.
 
 

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