Mortalidade infantil no mundo está em queda

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Segundo o relatório, 35% das mortes ocorrem nos primeiros meses de vida Foto: Adriano Miranda

No ano passado morreram, por dia, 19 mil crianças em todo o mundo antes de celebrarem o quinto aniversário. Ainda assim, morre-se cada vez menos: em 1990, morreram 12 milhões de crianças, um número que caiu para 6,9 milhões em 2011. Portugal foi um dos países que contribuíram para este progresso.

Em 1990, 15 em cada 1000 crianças portuguesas morriam antes de completar cinco anos. Em duas décadas, o país reduziu a taxa de mortalidade infantil em 77% e tornou-se um dos dez países do mundo onde morrem menos crianças, segundo um relatório da Unicef divulgado nesta quinta-feira.

“Há muito para celebrar. Mais crianças sobrevivem agora ao quinto aniversário”, diz o director executivo da Unicef, Anthony Laque, na introdução do relatório “Committing to child survival: a promise renewed” (“Compromisso com a sobrevivência infantil: uma promessa renovada”). O responsável acrescenta que “todas as regiões registaram reduções nas últimas duas décadas”.

Entre 1990 (ano base para os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio) e 2011, nove países pobres – Bangladesh, Camboja, Etiópia, Libéria, Madagáscar, Malaui, Nepal, Níger e Ruanda – reduziram a sua taxa de mortalidade infantil em 60%. Nesse período, 19 países de rendimento médio – entre eles, Brasil, China, México e Turquia – e dez países ricos – incluindo Portugal – reduziram as mortes de crianças com menos de cinco anos em dois terços ou mais.

Segundo o relatório, as maiores quedas nas taxas de mortalidade infantil registam-se em países alvo de assistência internacional. “Se olharmos para os países que atingiram melhores resultados – República Democrática Popular do Laos, Timor Leste e Libéria, são os três melhores – penso que em todos a ajuda externa foi um contributo importante”, disse o director da Unicef no Reino Unido, David Bull, citado pela BBC.

Em Portugal, a taxa de mortalidade infantil diminuiu de 15 para 3,4 mortes por cada mil nascimentos naquele período. O bom desempenho do país deve-se, em parte, à baixa taxa de mortalidade neonatal: em 20 anos, desceu de 7 para 2 o número de mortes por cada mil recém-nascidos.

Um dos factores que explicam os resultados atingidos é o facto de o país destinar uma “fatia substancial” do Produto Interno Bruto ao sector da saúde, nota o relatório. Portugal surge assim como um dos “exemplos notáveis” dos avanços alcançados a nível mundial, sublinha o responsável da Unicef.

Na lista dos dez países com menos mortes, Portugal surge em nono lugar, em ex aequo com o Japão e à frente da Dinamarca (com 3,7 mortes por cada mil nascimentos). No topo do ranking, que inclui apenas países com mais de 500 mil habitantes, está Singapura com uma taxa de 2,6 mortes. Segue-se a Eslovénia, Suécia, Finlândia, Chipre, Noruega e Luxemburgo.

Apesar dos bons resultados, ainda há milhões de crianças a morrer todos os anos, muitas delas por doenças que podem ser prevenidas. “Com as vacinas necessárias, nutrição e cuidados médicos e maternos adequados, a maioria destas vidas poderia ser salva”, escreve Anthony Laque.

Segundo o documento, 35% das mortes ocorrem nos primeiros meses de vida. As doenças infecciosas são as principais causas de morte das crianças que sobrevivem aos primeiros meses – particularmente a pneumonia, a diarreia e a malária. A maioria das mortes ocorreu nos países da África sub-sahariana e do Sul da Ásia.

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