Ministério quer apostar num tipo de hemodiálise que pode ser feita em casa

A diálise peritoneal é mais cómoda para o doente e permite reduzir os custos em 30%.

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Um doente em hemodiálise custa entre 450 euros e 470 euros por semana ao Estado Fábio Teixeira

O Ministério da Saúde quer apostar num tipo de hemodiálise que pode ser feita em casa pelo doente, conhecida como diálise peritoneal, e que além de ser mais cómoda permite reduzir custos, nomeadamente com os transportes.

O ministro da Saúde reconheceu, esta manhã, na conferência "Estado Social, que futuro?", em Lisboa,  que "o número de doentes em diálise peritoneal está bastante abaixo das médias europeias" pelo que a tutela vai fazer um "esforço para que as pessoas tenham acesso a esta técnica" que permite uma poupança na ordem dos 30% e mais conforto para o utente.

A compra centralizada de fármacos e de dispositivos nesta área já está a avançar, adianta o Diário de Notícias na sua edição desta segunda-feira. Segue-se, depois, a formação aos doentes que venham a reunir condições para serem tratados com esta técnica, já que ela não se aplica a todos os casos.

Segundo explicou ao mesmo jornal Alexandre Lourenço, da Administração Central do Sistema de Saúde, “a ideia é os hospitais duplicarem o número de doentes em tratamento em casa, dos actuais 7% para os 14%. Isto significa que até 2014 se passaria de 700 para cerca de 1400”. Alexandre Lourenço disse, também, que as unidades hospitalares terão flexibilidade para poderem contratar médicos e enfermeiros que possam dar formação às pessoas e acompanhá-las na transição para os cuidados no domicílio.

A diálise peritoneal apresenta uma série de vantagens: não exige acesso vascular, o que diminui a probabilidade de infecções, o doente faz o tratamento em casa, o que representa ganhos consideráveis em termos de qualidade de vida, e é cerca de 30% mais económica para o Estado, uma vez que se poupa em materiais, avenças a privados e transporte. Ao todo o país tem cerca de dez mil doentes renais a fazerem hemodiálise, sendo que destes apenas 7% fazem diálise peritoneal. Nos países com mais sucesso os números chegaram aos 50%.

O vice-presidente da Associação Portuguesa de Insuficientes Renais (APIR) considera que a diálise peritoneal tem benefícios para o doente, que pode fazer o tratamento em casa, e para o país, porque é “mais barata”. “É um tipo de tratamento mais vantajoso, mais barato para o país e com melhores possibilidade de mobilidade do doente”, disse à Lusa João Cabete.

Tendo em conta que um doente em hemodiálise custa entre 450 euros e 470 euros por semana ao Estado, significa que, por mês, o custo por doente cifra-se em 1900 euros. A factura total por ano na área ascende aos 290 milhões de euros, pelo que a passagem para a diálise peritoneal permitiria uma poupança de até 87 milhões de euros por ano – sendo que nem todos os doentes podem fazer este tratamento.

Além da diálise, a ideia é passar também alguns cuidados na área da cardiologia e respiratórios para o domicílio.

Notícia actualizada às 11h48, foi acrescentada declaração do ministro da Saúde. Às 12h00 foi introduzida declaração do vice-presidente da APIR à Lusa.

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