Ministério da Educação corrige índice remuneratório a mais de 950 professores

Mais de 2000 docentes autorizados a dar aulas perto de casa por motivo de doença.

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Quase mil docentes verão melhorada a sua situação salarial: a decisão tem efeitos retroactivos Enric Vives-Rubio

O Ministério da Educação e Ciência (ME) anunciou nesta segunda-feira a reposição de 959 professores no índice remuneratório 272, com efeitos retroactivos a 2011, corrigindo uma "irregularidade herdada" e "repondo" a equidade" no âmbito do Estatuto da Carreira Docente.

Em comunicado, o MEC lembra que o Estatuto da Carreira Docente, na versão alterada por um diploma de 2010, previa que os docentes com mais tempo de serviço tivessem a sua progressão ao índice 299 diferida no tempo para o momento em que completassem seis anos no índice 245, enquanto professores posicionados no mesmo índice, mas com tempo de serviço entre quatro e os cinco anos, progredissem ao índice 272 aquando da entrada em vigor do diploma (24 de Junho de 2010).

"A situação dos primeiros docentes não foi devidamente acautelada pelo Governo então em funções, quer em Junho de 2010, quer em Janeiro de 2011. Nessa altura, entrou em vigor a Lei do Orçamento do Estado que impedia qualquer valorização remuneratória e, consequentemente, o reposicionamento a que os docentes tinham direito", refere ainda o MEC, observando que a irregularidade herdada foi corrigida.

A ordem para se proceder ao reposicionamento dos 959 professores naquela situação já foi dada pela Direcção-Geral de Planeamento e Gestão Financeira (DGPGF). O reajuste será reflectido no recibo de vencimento do mês de Agosto e o reposicionamento tem efeitos desde 2011, sendo portanto pago retroativamente desde essa altura.

Contactado pela agência Lusa, Mário Nogueira, da Federação Nacional de Professores (Fenprof), considerou que a decisão de hoje do MEC só foi tomada depois de os tribunais e, em última instância, o Tribunal Constitucional (TC) terem decidido a favor de professores que intentaram acções judiciais por estarem indevidamente a perder tempo de serviço e a correspondente remuneração.

Mário Nogueira disse ainda que o Provedor de Justiça alertou duas vezes para a situação irregular e que mesmo depois da decisão do TC houve necessidade de apresentar queixa ao presidente daquele tribunal superior porque o MEC não estava a cumprir as deliberações dos tribunais.

Segundo o dirigente da Fenprof, o MEC recorreu sempre das decisões não definitivas dos tribunais e só depois da deliberação do TC resolveu resolver a situação de todos os professores naquela situação.

Um acórdão do Tribunal Constitucional de 2013 "obriga à passagem dos professores que se encontravam no índice 125 em Junho de 2010 e com mais de cinco anos de serviço a transitarem para o índice 272".

A situação abrangeu cerca de 200 sócios do Sindicato Nacional dos Professores Licenciados (SNPL), que colocou em tribunal processos individuais de professores que se sentiam lesados na carreira.

Dois mil colocados perto de casa

Num outro comunicado divulgado também hoje, o MEC anuncia que autorizou 2104 professores, que solicitaram a mobilidade interna por doença ou de familiares, a exercer a profissão na proximidade das suas residências ou das instituições onde acompanham tratamentos.

O Destacamento por Condições Específicas é atribuído a todos os que reuniam os requisitos necessários para o efeito, de acordo com o Despacho 6969/2014.

Em comunicado, o ministério refere que os docentes que solicitaram a mobilidade interna por motivo de doença sua ou de familiares ficarão assim afectos às escolas da sua preferência, de modo a poderem exercer a sua profissão na proximidade das suas residências ou das instituições onde realizam ou acompanham tratamentos.

Dos 2104 requerimentos válidos, 1291 foram apresentados por doença incapacitante do próprio docente, 473 por doença incapacitante de ascendente que com o docente coabita e que dele depende exclusivamente, 212 por doença incapacitante de descendentes e 128 por doença incapacitante de cônjuge ou de pessoa com quem vivem em união de facto.

"Assim, a quase dois meses do arranque do próximo ano lectivo, estes professores têm já a sua situação definida, respondendo-se deste modo a situações pessoais que mereciam especial atenção social e humana. Este foi um compromisso assumido pelo Ministério da Educação e Ciência e que tem sido cumprido nos últimos anos", refere o MEC em comunicado.

O despacho de autorização foi assinado nesta segunda-feira pelo secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar.

 

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