Meia centena de farmácias já fecharam em Portugal

Há quem esteja disposto a trespassar estabelecimentos por um euro, denuncia a Associação Nacional de Farmácias.

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“O circuito está todo em ruptura”, diz o vice-presidente da ANF Pedro Cunha

Cerca de meia centena de farmácias já fecharam, 279 estão em processo de insolvência ou de penhora e 1600 estão com fornecimentos suspensos, adiantou nesta terça-feira, no Porto, o vice-presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), Paulo Duarte. Em Portugal há cerca de 2900 farmácias.

“Há farmácias à venda por um euro [trespasse incluindo as dívidas], há outras que quase não têm medicamentos, há colegas completamente desesperados”, descreve Paulo Duarte, que é o candidato único à presidência da ANF nas eleições marcadas para Maio. Paulo Duarte substituirá o actual presidente da ANF, João Cordeiro, que se vai candidatar à presidência da Câmara Municipal de Cascais.

Desde 2005, o preço médio dos medicamentos baixou 25%. Actualmente, as farmácias devem 300 milhões de euros a grossistas e estes também estão com fornecimentos cortados na indústria farmacêutica, sintetiza o vice-presidente da ANF.

“O circuito está todo em ruptura”, diz, frisando que esta situação tem reflexos para os utentes que se “vêem obrigados a ir a duas, três, quatro ou cinco farmácias para encontrarem os medicamentos de que necessitam”.

Para poder contornar esta situação, as farmácias propõem-se agora alargar a sua actividade, procurando novas áreas de serviço e outro tipo de produtos. “Está na altura de parar com este processo, o ministro não pode continuar a enfiar a cabeça na areia”, reclama Paulo Duarte, que considera que o Ministério da Saúde “tem feito pouco” no sentido da “utilização mais racional de alguns medicamentos”, como os antihipertensores e os antidiabéticos mais caros.

“Não é preciso continuar a cortar preços, é preciso sim gerir melhor”, defende. E exemplifica: em Portugal, continuamos a usar alguns medicamentos mais caros, como acontece no caso dos antibiabéticos orais (que representam 25% do total de medicamentos para a diabetes no país, contra apenas 5 a 10% noutros países europeus).

 

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