Médicos com doenças súbitas e mais doentes provocaram caos no Amadora-Sintra

Esperas superiores a mais de 20 horas levaram doentes a procurar outras alternativas. No hospital de São José também se viveram dois dias caóticos. Situação está "normalizada".

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Os peritos estão a estudar a reforma da rede de urgências do país PÚBLICO/Arquivo

Médicos com problemas de saúde e um número anormal de doentes a acorrer às urgências tiveram como resultado a situação de caos que se viveu no hospital Amadora-Sintra nas noites de 24 para 25 de Dezembro e de 26 para 27, com doentes a esperarem mais de 20 horas para serem atendidos.

Para a véspera de Natal estavam escalados seis médicos para as urgências, mas três não compareceram, alegando doença. No dia 25 a situação “ficou normalizada” depois de a equipa que sobrou ter sido reforçada com mais três médicos, só que na noite seguinte outros tantos voltaram a faltar por razões de saúde, explicou ao PÚBLICO o assessor de imprensa daquela unidade hospitalar. Nas urgências estavam centenas de pessoas à espera.

A média normal nestas épocas festivas anda à volta de 700 doentes nas urgências, mas só em dois dias “houve 980 pessoas” a passar por aquele serviço. “Destes mais de 500 não eram casos urgentes, tendo-lhes sido atribuída a senha verde”, especificou. Muitos recorreram ao hospital porque os centros de saúde estiveram fechados no Natal.

Com esperas superiores a mais de 20 horas, houve doentes que procuraram em alternativa o hospital de São José, em Lisboa. Resultado: “Na sexta-feira e sábado a situação foi caótica nas urgências”, indicou uma fonte deste serviço. Só entre as 08h00 e as 10h45 da manhã de sábado acorreram às urgências de São José 170 pessoas.

Neste domingo, tanto neste hospital de Lisboa, como no Amadora-Sintra, a situação já estava “normalizada”. Em São José o tempo de espera para as senhas verdes era de duas horas e para as amarelas (situações mais graves) de uma hora e meia. Já no Amadora-Sintra, ao princípio da tarde “não havia tempo de espera” para os doentes com senha amarela, segundo informou o assessor de imprensa do hospital.

Ao serviço estavam já de novo seis médicos e na sala de espera havia apenas “nove pessoas com senha verde para chamar, dos 28 novos doentes” que hoje acorreram ali. Para esta normalização terão contribuído também, acrescenta, as notícias sobre o caos no serviço e que levaram muitos dos que teriam uma senha verde a desistir de procurar aquele serviço.

A situação no Amadora-Sintra motivou uma reunião de urgência, no sábado, entre o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Cunha Ribeiro, e a direcção clínica do hospital. Em declarações à Antena 1, Cunha Ribeiro indicou que os responsáveis do hospital se comprometeram a contratar mais médicos para assegurar as urgências nos próximos dias, que vão ser de mais frio, e no fim-de-ano.

Para o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha, o caos que se viveu nos últimos dias nas urgências veio pôr mais uma vez a nu “a situação de carência crónica” de meios do Amadora-Sintra, que já por várias vezes foi denunciada pelo SIM. “O que defendemos e exigimos é que sejam contratados mais médicos, mas por concursos públicos, uma vez que se tem provado que o recurso a empresas de prestação de serviços não é solução”, acrescentou.

Vários hospitais têm recorrido a estas empresas para reforçar as suas equipas em épocas de férias ou festivas. Mas segundo o assessor do Amadora-Sintra tal não aconteceu naquele hospital: a equipa destacada para as urgências no Natal ”era composta por médicos da casa”.

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