Medicina Dentária do Porto estuda efeitos de antibióticos na estimulação óssea

Os investigadores estão a estudar o impacto do uso de tetraciclinas e antibióticos utilizados para o tratamento de infecções bacterianas, na estimulação e modulação óssea.

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NFACTOS / FERNANDO VELUDO

Investigadores da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto (FMDUP) estão a estudar o impacto do uso de tetraciclinas, antibióticos utilizados para o tratamento de infecções bacterianas, na estimulação e modulação óssea.

De acordo com o investigador do Laboratório de Metabolismo e Regeneração Óssea da FMDUP (Bonelab) Pedro Gomes, este projecto visa estudar "efeitos menos conhecidos deste grupo farmacológico" em certas doenças, como é o caso da diabetes.

"Verificamos que existe um défice funcional dos osteoblastos [células formadoras do tecido ósseo] em condições diabéticas, motivo pelo qual muitos pacientes são afectados por osteopenia [perda branda de massa óssea] ou osteoporose", explicou à Lusa o docente da FMDUP.

Nos estudos realizados no Bonelab - coordenado pela professora Maria Helena Fernandes - os investigadores observaram, em modelos in vitro e in vivo, que a administração de tetraciclinas, em doses reduzidas, sem efeito antibacteriano, pode estimular a actividade dos osteoblastos.

De acordo com o docente da FMDUP, a quantidade e qualidade do tecido ósseo são fundamentais na área de intervenção terapêutica da Medicina Dentária, reflectindo-se no sucesso clínico de todas as técnicas de reabilitação oral, com recurso a implantes, próteses removíveis e fixas.

Este é um dos resultados obtidos através de trabalhos realizados ao longo de oito anos, com o objectivo de estudar as novas propriedades de fármacos já estabelecidos no mercado.

Segundo o investigador, o conhecimento resultante deste projecto que pode ser partilhado e alargado com outras áreas de intervenção clínica, tais como a ortopedia, a cirurgia maxilofacial, a endocrinologia e outras que intervenham na modulação do metabolismo e regeneração do tecido ósseo.

Nos trabalhos estiveram envolvidos cinco investigadores da FMDUP e diversos de outras instituições.

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