Alegado homicida de Valongo dos Azeites detido pela PJ quando voltou a casa

Manuel Baltazar foi detido à porta de casa, em Trevões, na noite desta quarta-feira. Estava armado, mas não ofereceu resistência.

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Paulo Pimenta
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O homem de 61 anos que há 34 dias estava em fuga por alegadamente ter baleado fatalmente a ex-sogra e uma tia da ex-mulher, além de ter ferido a antiga companheira e a filha de ambos, em Valongo dos Azeites, foi apanhado esta quarta-feira quando voltou a casa, em Trevões. A Polícia Judiciária (PJ) tinha a habitação de Manuel Baltazar, também conhecido como "Palito", sob vigilância e apanhou o suspeito antes de este entrar na residência.

Fonte da PJ explicou ao PÚBLICO que a habitação do fugitivo estava sob vigilância remota. Os investigadores tinham instalado câmaras de videovigilância e detectaram a presença de Manuel Baltazar, tendo-o interceptado de imediato, pouco antes das 20h. O alegado homicida, que estava armado com uma caçadeira, não ofereceu resistência.

As câmaras instaladas eram controladas remotamente pela PJ que as direccionava e recebia o seu sinal de vídeo num computador.      

Manuel "Palito", sublinhou fonte policial, acreditava que não estaria nenhum polícia por perto e que aquele local era seguro. O método usado apostou na discrição dos elementos da PJ. A maior visibilidade da GNR, que patrulhou a localidade intensamente garantindo a segurança da população, serviu de manobra de diversão para despistar a atenção do fugitivo, realçou a PJ. Fonte policial explicou ainda ao PÚBLICO que Manuel Baltazar aparentava estar mais magro e em estado debilitado.

O detido foi entretanto transportado para o Estabelecimento Prisional de Vila Real e será ouvido esta quinta-feira por um juiz do Tribunal de São João da Pesqueira. Durante o último mês, o suspeito terá sido visto várias vezes por habitantes, mas as autoridades nunca o conseguiram localizar. Isto apesar das inúmeras operações de busca em que participaram centenas de militares da GNR, alguns a cavalo e outros acompanhados com cães. Manuel Baltazar, que era caçador e sempre viveu na região, conhecia bem o terreno. E isso deu-lhe vantagem.        

Em Valongo dos Azeites e em Trevões, a detenção foi recebida com satisfação pela população. Maria da Conceição Andrade, proprietária do Café Portela, em Valongo dos Azeites, confessa que se sente mais descansada desde que soube que Manuel Baltazar tinha sido detido. "Sinto um repouso no coração", descreve. Não tinha grandes razões para temer o alegado homicida, com quem falara apenas uma ou duas vezes, mas mesmo assim andava assustada. "Diz-se que ele tinha uma lista grande com gente a abater. Conheço muitas. Ainda bem que o apanharam antes de fazer mais alguma coisa", afirma Maria da Conceição Andrade.          

No Café Casarão, em Trevões, o discurso era muito semelhante. Os poucos clientes que ainda resistiam no local às 21h viam atentos a CMTV, que tinha uma jornalista em permanência no local. "É bom, deixa de haver medo", resumia um dos funcionários.          

Edina Baltazar, cunhada de Manuel Baltazar, nem queria acreditar que a polícia tinha encontrado o familiar. Foi uma utente do lar de idosos onde trabalha, em Trevões, que lhe deu a novidade. Vira a notícia passar na televisão. "Estou contente por ele ter aparecido", reagia a cunhada, com a voz embargada. A emoção quase não a deixava falar. "Já pensava em tudo", admite a familiar, referindo-se ao que o cunhado poderia fazer a terceiros e a si próprio.            

Também Maria Miquelina Canelas, 72 anos, se dava bem com o suspeito, companheiro de caça do marido. Após saber da detenção de Manuel Baltazar não sabia bem como reagir. "Por um lado tenho pena dele, por outro tenho pena delas", resumia a septuagenária que conhece tanto as vítimas como o alegado agressor. 

Manuel Baltazar nunca tinha aceitado o divórcio e mantinha há anos uma relação conflituosa com a ex-mulher. Em Novembro de 2013, fora condenado por violência doméstica, ofensas à integridade física qualificada e ameaças que lhe valeram uma pena de prisão de quatro anos, suspensa. Para não ir para a cadeia teria de respeitar uma distância de 400 metros da antiga companheira, uma obrigação que violou duas vezes antes da tragédia e poderia levá-lo à prisão. Na manhã do dia dos crimes, Manuel Baltazar deveria ter sido ouvido no Tribunal de São João da Pesqueira. Mas não houve juiz para realizar a diligência, tendo o caçador continuado em liberdade. 

Notícia corrigida às 9h27 Manuel Baltazar estava fugido há 34 e não 31 dias.

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