Manuel e Ricardo Macedo em risco de prisão preventiva

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O juiz de instrução do Tribunal de Barcelos vai hoje interrogar o empresário e líder da Associação de Amizade Portugal Indonésia, Manuel Macedo, e o seu filho Ricardo, detidos anteontem no Porto e interrogados durante todo o dia de ontem pelo magistrado do Ministério Público (MP) titular de um inquérito relacionado com uma fraude fiscal na importação de automóveis de gama média e alta.

À ordem dos autos já foram constituídos cerca de uma dezena de arguidos, três dos quais estão presos preventivamente, não sendo de descartar a hipótese de o MP vir a propor ao juiz a aplicação desta medida de coacção privativa de liberdade para os dois elementos da família Macedo.

A diligência servirá para o juiz avaliar a solidez dos indícios que poderão comprometer Manuel e Ricardo Macedo, que passaram a segunda noite consecutiva nas prisões privativas da Polícia Judiciária, depois de serem detidos na zona das Antas. A atenção das autoridades sobre as actividades do empresário relacionadas com a importação de veículos reporta-se já ao inicio do último verão. Na altura, e na sequência do desmantelamento de uma rede que actuava na região de Lisboa, levada a cabo pela Direcção Central de Investigação de Infracções Económico Financeiras da Polícia Judiciária, a Inspecção de Finanças de Braga deu inicio a uma investigação visando uma série de "stands" e empresários da região que se dedicavam quase exclusivmente à venda de veículos importados de gama media-alta.

As averiguações começaram pela àrea de Barcelos, concelho onde foram efectuadas as primeiras detenções e foi aberto o respectivo inquérito, passando então as investigações a ser coordenadas pelo Procurador da República de Barcelos. Foi já a partir desta comarca que foram emitidos os subsequentes mandados de busca e de detenção, visando comerciantes das zonas de Famalicão, Guimarães, Fafe e Felgueiras. Foram encerrados vários "stands", apreendidas dezenas de viaturas - todas topo de gama e quase exclusivamente das marcas Audi, Mercedes e BMW - e detidos mais de uma dezena de indivíduos, entre donos de "stands" e alguns testas de ferro usados pela rede para a importação dos veículos. Desses, três encontram-se em prisão preventiva, enquanto os restantes foram libertados, mediante a prestação de avultadas cauções.

Operação de risco

É na sequência destas detenções que os investigadores começam a apurar que as importações têm uma origem comum, e que a elas aparecem quase sempre associados Manuel Macedo e o filho, supostamente como financiadores das operações. Em finais de Julho foram emitidos mandados de busca com vista á recolha de documentação na casa deste empresáro, no Porto. Acompanhados por elementos da PSP portuense, os inspectores das finanças constataram que a morada indicada correspondia a um armazém devoluto da Rua Santos Pousada, pelo que nos dias seguintes foram emitidos novos mandados visando a residência de Manuel Macedo, na zona das Antas.

Para a realização desta diligência foi solicitada a protecção da PSP, mas esta força policial acabou por sugerir o adiamento da operação, alegando que implicava alguns riscos, e, por isso, necessitava de ser estudada no terreno. Curiosamente, seria nesse mesmo dia que Macedo voltaria a estar em foco, depois de protagonizar uma cena de pugilato com um agente da Judiciária do Porto.

Uma terceira tentativa ocorreu já em Agosto, mas seria novamente inviabilizada: As averiguações da PSP concluíam que a porta do andar de Manuel Macedo teria uma blindagem especial. Só uma brigada especial da PSP de Lisboa estaria em condições de forçar a entrada...

O conhecido empresário e o filho acabariam por ser finalmente detidos anteontem ao inicio da noite, junto á sua residência por elementos da Polícia Judiciária, que os surpeenderam depois de terem estacionado o potente Porsche em que se faziam transportar.

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