Manifestação de sábado também será feita de protestos sectoriais

O glossário das manifestações ganhou um novo termo: "marés". Para sábado há várias agendadas.

Foto
Os professores voltam a sair à rua Rui Gaudêncio

É uma das “marés” prometidas para a manifestação de sábado promovida pela plataforma Que se Lixe a Troika! e pretende juntar professores, auxiliares educativos, estudantes e pais “em defesa da escola pública e da qualidade do ensino”, explicou nesta quarta-feira Belandina Vaz, professora contratada e primeira signatária do manifesto “Maré da Educação”.

Em conferência de imprensa realizada frente às instalações do Ministério da Educação e Ciência (MEC), em Lisboa, Belandina Vaz, que conseguiu ficar colocada, alertou que “as escolas estão a entrar em ruptura” e que os professores se encontram “sem tempo para apoiar os alunos”. “A escola pública está a degradar-se cada vez mais o que dificulta a nossa aprendizagem e o trabalho dos professores”, corroborou Mariana Gomes, aluna da Escola Superior de Teatro e Cinema. 

“Disseram que a intervenção externa era para nos salvar…mas não há salvação possível quando se atacam os serviços públicos, quando se faz disparar o desemprego, quando se empobrece a escola pública”, constatam no manifesto de apoio ao protesto, subscrito por 36 professores e estudantes, entre os quais figuram os autores de dois dos blogues de professores mais lidos, Paulo Guinote e Arlindo Ferreira.  O manifesto é também subscrito por dirigentes dos sindicatos de professores da Grande Lisboa e do Norte.

Mariana Gomes, de 20 anos, disse esperar que os estudantes tenham uma presença expressiva na manifestação promovida pela plataforma Que se Lixe a Troika!, embora admita que “gostaria de ver muitos mais mobilizados”. Várias associações de estudantes  já aderiram ao protesto. Para sábado, a “Maré da Educação” apelou a concentrações junto às instalações do MEC na Avenida 5 de Outubro, em Lisboa, e  frente ao edifício da ex-Direcção Regional de Educação do Norte, no Porto, de onde partirão, respectivamente, para o Marquês de Pombal e  Praça da Batalha, que são os locais de partida da manifestação de dia 2.

De caminho para o Marquês de Pombal, a “Maré da Educação” encontrar-se-á com a “Maré Branca pela Saúde” cuja concentração está prevista junto à Maternidade Alfredo da Costa (MAC). Vão estar na manifestação não só enquanto profissionais de saúde, mas também como cidadãos preocupados e utentes do Serviço Nacional de Saúde. Este protesto conta com o apoio de António Arnaut, considerado o “pai” do SNS. Por motivos de saúde, Arnaut não poderá estar presente no protesto de sábado, mas subscreveu o manifesto divulgado pela “Maré Branca pela Saúde”. “É absolutamente necessária uma manifestação de indignação e esperança”, disse ao PÚBLICO. Entre os actuais 42 assinantes do manifesto encontram-se ainda nomes como o de José Carlos Martins, Presidente do Sindicato dos Enfermeiros, e Ana Campos, directora de serviço da MAC.
 
Numa manifestação de “marés”, juntam-se à Saúde e à Educação, a “Maré da Cultura” no Porto; a “Maré dos Reformados”, coordenada pela APRe! Aposentados, Pensionistas e Reformados, que se manifesta simultaneamente em Lisboa, Coimbra e Porto; e a “Maré Arco-Íris” que se juntou nesta semana  ao protesto, por iniciativa de organizações da Associação do Clube de Safo, anexando grupos como os Pantera Rosa e a Opus Gay. Com esta adesão pretendem contrariar o sentimento de que não existem alternativas às políticas de austeridade, uma convicção que, afirmam, vem a alastrar às liberdades e direitos dos cidadãos e é já responsável por novos debates acerca do casamento homossexual ou a interrupção voluntária de gravidez, entre outros temas.

“Queremos tentar criar obstáculos a este pensamento único que começa também a levantar barreiras a nível moral e sexual. Não faz qualquer sentido trazer de volta estes assuntos à discussão, a reboque desta mentalidade”, declara uma activista do Clube Safo, que pediu para não ser identificada.

 A “Maré Arco-Íris” tem concentração marcada para as 14h no Hotel Tiara Park Atlantic, frente ao Parque Eduardo VII.

Sugerir correcção
Comentar