Manifestação da "Geração à Rasca" também vai contar com deputados

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“Não deve haver uma partidarização da iniciativa", disse o líder da JS, Pedro Alves Daniel Rocha (arquivo)

Entre os jovens anónimos da “Geração à Rasca” que sábado vão descer a Avenida da Liberdade ou concentrar-se na Praça da Batalha estarão também deputados ‘sub-30’ e líderes das juventudes partidárias, com excepção dos socialistas.

Entre as presenças já confirmadas está a do líder da JSD, Duarte Marques, da deputada do PCP Rita Rato ou do parlamentar bloquista José Gusmão.

De fora deverão ficar os jovens socialistas, com o líder da JS ou o seu antecessor, o deputado Duarte Cordeiro, a garantirem desde já que não irão marcar presença no protesto em várias cidades do país, convocado através do Facebook pelo movimento auto-designado “Geração à Rasca”, que se afirma apartidário.

Aliás, o facto de se tratar de uma iniciativa apartidária é uma das justificações que o líder da JS, Pedro Alves, apresenta para justificar a sua ausência. “Não deve haver uma partidarização, não se deve tirar o carácter apartidário da iniciativa”, defendeu, criticando aqueles que estão a tentar “contaminá-la com agendas próprias” ou a tentar tirar proveitos.

Contudo, acrescentou, é natural que alguns militantes da JS possam aderir, porque as preocupações que o movimento apresenta são partilhadas pela própria estrutura e porque “não é um protesto contra ninguém”, nem tem “um sentido reivindicativo”, mas acaba por corresponder a “uma tomada de consciência colectiva”.

O antecessor de Pedro Alves na liderança da JS, o deputado Duarte Cordeiro, também já excluiu a hipótese de participar na manifestação, iniciativa que garante, contudo, respeitar porque faz parte da democracia e “é saudável que os jovens exprimam a sua opinião, as suas reivindicações”.

Ao contrário da JS, a JSD estará representada na manifestação, numa ‘delegação’ encabeçada pelo líder da estrutura, Duarte Marques, que defende que os ‘jotas laranjas’ não podem deixar de se associar aos 300 mil desempregados que têm entre 15 e 34 anos.

“É por estas 500 mil pessoas, entre desempregados e em situação precária que a JSD participa activamente numa manifestação em defesa das causas da juventude Portuguesa”, sublinhou Duarte Marques, que irá à manifestação com os deputados do PSD Leitão Amaro e Pedro Rodrigues.

Pelo PCP, a deputada Rita Rato também confirmou a sua presença na manifestação, mas recusou qualquer tentativa de “aproveitamento político” da iniciativa. “Fui convidada directamente, não creio que haja possibilidade de haver aproveitamento”, disse, considerando que é “um mau sinal quando há a concepção que uma pessoa por ser militante de um partido vê negado outros direitos cívicos, nomeadamente de expressão, manifestação e reunião”.

Além de Rita Rato, do PCP irão ainda participar na manifestação os deputados João Oliveira, Miguel Tiago (Lisboa) e Jorge Machado (Porto). O deputado do Bloco de Esquerda José Gusmão também irá estar na Praça da Batalha, no Porto, porque “o BE identifica-se com as razões que são invocadas pela organização do protesto”.

E, tal como Rita Rato, José Gusmão recusou qualquer acusação de instrumentalização ou aproveitamento político, pois, defendeu, “nenhum partido fala por esta manifestação”, uma iniciativa que tem “voz própria”.

Uma opinião diferente expressa o presidente da Juventude Popular, Michael Seufeurt, que se demarcou do protesto, afirmando que tem uma “retórica” que apela aos eleitorados do PCP e do BE e não apresenta soluções. “Pela retórica da convocatória apela muito ao eleitorado do PCP e do BE. Podemos concordar com o diagnóstico da situação mas não vemos que apresentem qualquer solução e as pessoas precisam de soluções. Não devemos olhar com desconfiança para este tipo de movimentos mas as soluções políticas partirão sempre dos nossos políticos, disse Michael Seufeurt.

No manifesto público que apresentaram, o movimento “Geração à Rasca” apresenta-se como a geração dos “quinhentoseuristas, desempregados, escravos disfarçados, subcontratados, contratados a prazo, falsos trabalhadores independentes, estagiários” que pede uma “mudança qualitativa do país” e diz não aceitar “a situação precária” em que vivem.

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