Manifestação contra atraso no socorro aos náufragos na Figueira da Foz

Protesto deverá juntar praticantes de desportos de ondas, como surfistas e bodyboarders, pescadores e outras pessoas na tarde desta quarta-feira. Um pescador morreu e quatro estão desaparecidos. Dois foram resgatados.

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Remoção de destroços de um naufrágio de uma traineira na Figueira da Foz em 2010 Nelson Garrido

Uma manifestação silenciosa, agendada para as 18h30 desta quarta-feira em frente às instalações da Capitania do Porto da Figueira da Foz, pretende contestar a actuação dos meios de socorro no naufrágio ocorrido terça-feira, disse um dos promotores.

Em declarações à agência Lusa, João Traveira, praticante de "bodyboard" e um dos promotores do protesto, frisou que a manifestação pretende contestar a demora na actuação dos meios de socorro e a versão da Marinha, que alega que as condições do mar e a existência de redes na água não permitiram que embarcações com hélices se aproximassem do navio naufragado.

"Dizem que não saíram porque o mar estava mau e havia redes na água. Mas quais redes? Onde estão as redes? Se houvesse uma ou duas motos de água com pessoas que soubessem andar no mar tinham salvado toda a gente", criticou João Traveira.

O promotor do protesto disse ainda que o agente da Polícia Marítima que estava de licença e veio a resgatar dois pescadores que estavam numa balsa à entrada da barra, mais de uma hora depois do naufrágio, "actuou sozinho, à revelia" da Autoridade Marítima, versão que o porta-voz daquela entidade, Nuno Leitão, desmentiu, alegando que a moto de água foi accionada pelo Comandante do Porto da Figueira da Foz.

Questionado sobre o porquê de a moto de água apenas ter saído da marina quase uma hora após o naufrágio, já de noite, quando à hora do acidente havia visibilidade, Nuno Leitão respondeu que "foi o tempo necessário para aferir as condições" de actuação dos meios de socorro.

O promotor da manifestação, que deverá juntar praticantes de desportos de ondas, como surfistas e bodyboarders, pescadores e outras pessoas, defendeu a criação de um grupo de salvamento no porto da Figueira da Foz, constituído por duas motos de água, tripuladas "por quem perceba do mar", apelando à autarquia da Figueira da Foz e à administração portuária para que o promovam.

"Com duas motos tinham tirado as pessoas de uma vez só. Estamos num país que em vez de promover a vida, anda a promover a morte", acusou.

O naufrágio ocorrido na terça-feira provocou uma morte, havendo ainda quatro pescadores desaparecidos. Foram resgatadas duas pessoas com vida e as buscas no local estão a decorrer através de meios marítimos, terrestres e um helicóptero.

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