Mais mortos e feridos graves em acidentes nos primeiros meses deste ano

São dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária. No ano passado, cerca de um quarto dos condutores envolvidos em acidentes de viação e autopsiados acusou álcool no sangue.

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A percentagem de condutores autopsiados com álcool no sangue diminuiu em 2014 face a 2013 Miguel Manso

O número de mortos e feridos graves na sequência dos acidentes rodoviários está a aumentar em Portugal. O país regista este ano "uma inversão da tendência de redução", disse nesta segunda-feira o presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR).

"Infelizmente estamos a assistir a uma inversão da tendência, que era uma redução continuada do número de mortos e feridos", disse à agência Lusa Jorge Jacob, quando questionado sobre os últimos dados da ANSR sobre a sinistralidade rodoviária em 2015.

Segundo a ANSR, 143 pessoas morreram nas estradas portuguesas entre 1 de Janeiro e 21 de Abril, mais 20 do que no mesmo período de 2014.

Este ano, os acidentes rodoviários provocaram também 564 feridos graves, mais 28 do que em 2014, indica a ANSR, referindo que se registaram 34.298 desastres, mais 414 do que no ano passado em igual período.

Jorge Jacob afirmou que esta tendência se verifica ao nível da União Europeia. Países como a Holanda, Reino Unido e França não conseguiram reduzir o número de mortos nas estradas em 2014. "Isso está a chegar agora a Portugal, estamos a analisar os dados, tentar apurar as causas e tentar reforçar o combate às causas que levam a que isso aconteça, porque ainda não estão perfeitamente identificadas."

Nos últimos anos, Portugal tinha registado uma diminuição do número de acidentes, de mortos e de feridos graves.

Também nesta segunda-feira ficou a saber-se que cerca de um quarto dos condutores envolvidos em acidentes de viação e autopsiados em 2014 acusou álcool no sangue, percentagem que tem vindo a descer nos últimos anos.

Segundo o presidente da ANSR, 26,6% dos condutores vítimas de acidentes rodoviários e autopsiados em 2014 apresentaram níveis de alcoolemia acima do limite permitido por lei (igual ou superior a 0,50 gramas de álcool por litro de sangue).

Jorge Jacob adiantou que a percentagem de condutores autopsiados com álcool diminuiu em 2014 face a 2013, ano em que cerca de 33% dos automobilistas mortos estavam alcoolizados.

Os dados foram revelados durante uma sessão promovida pela ANSR e a Associação Nacional de Bebidas Espirituosas (ANEBE) para assinalar a Semana Global da Segurança Rodoviária das Nações Unidas, que hoje começa, e apresentar o projecto de sensibilização rodoviária dirigido aos jovens "100% Cool".

Na cerimónia, o presidente da ANSR disse também que entre 2013 e 2014 houve uma redução de 17% no número de condutores jovens (entre os 18 e os 29 anos) apanhados ao volante com álcool pelas forças de segurança durante acções de fiscalização.

Em declarações aos jornalistas, Jorge Jacob afirmou que as estatísticas confirmam que os portugueses alteraram os seus comportamentos ao volante e estão a beber menos quando conduzem. O presidente da ANSR atribuiu essa redução às campanhas de sensibilização rodoviária e às acções de fiscalização das forças de segurança. E sublinhou que são os jovens condutores que registam uma maior redução no consumo do álcool quando estão a conduzir.

"Os jovens são um grande grupo de risco, têm num risco de morte superior a 40% aos restantes estratos etários, é ai que se tem sentido os melhores resultados", sustentou, destacando a importância da campanha "100% Cool", que existe desde 2002 e valoriza os jovens condutores com zero por cento de álcool.

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