Mais de um quarto dos diplomados de Coimbra no desemprego

Estudo da universidade sobre trajectória dos diplomados em 2012.

Foto
Coimbra sofreu corte de 30% no orçamento nos últimos anos nelson garrido

Cerca de 27% dos diplomados em 2012 na Universidade de Coimbra (UC) encontram-se numa situação de desemprego, concluiu um estudo da instituição sobre a trajectória académica e profissional dos estudantes.

Dos 1765 diplomados em 2011/2012 que responderam ao inquérito online da UC, 42,8% encontravam-se empregados, 27,5% em situação de desemprego e 29,7% continuavam a estudar.

Madalena Alarcão, vice-reitora da instituição sublinhou que estes dados permitem ir contra a ideia construída na sociedade portuguesa de que "não vale a pena estudar, porque depois não se encontra emprego", sendo a taxa dos diplomados inferior ao desemprego jovem nacional, que em Outubro se situava nos 33,3%. "Com mais habilitações, arranja-se mais facilmente e mais rapidamente emprego", sendo que a maioria acaba por trabalhar "na sua área de formação", frisou.

Segundo o estudo, os diplomados de Coimbra (excluindo os que mantiveram o emprego ou que o obtiveram na sequência de estágio) demoraram, em média, 5,3 meses a conseguir um emprego após a conclusão do curso e a maioria trabalha na área de formação: 89,7% e 83,4% para diplomados de mestrados integrados e não integrados, respectivamente, e 69% para licenciados.

O relatório da UC conclui que a grande maioria dos diplomados empregados está numa situação de trabalho por conta de outrém ou de estágio profissional remunerado, estando a maior parte a trabalhar em empresas privadas.

Mais de metade dos licenciados (64,7%) e cerca de um terço dos diplomados de mestrados recebem um rendimento líquido igual ou inferior a 800 euros, sendo este dado "um reflexo da crise e da situação que o país está a enfrentar", apontou Madalena Alarcão.

As unidades orgânicas que registam a maior taxa de desemprego são as faculdades de Letras (44,3%), de Psicologia e de Ciências da Educação (37,3%) e a de Direito (35,8%), valores acima da taxa de desemprego jovem nacional. Já as faculdades de Medicina (9,3%), de Farmácia (13,6%) e de Ciências e Tecnologia (22,6%) são as que apresentam menores taxas de desemprego.

A responsável salientou que, apesar do elevado desemprego registado em algumas faculdades, "seria perigoso pensar-se apenas na procura à entrada e à saída dos cursos", por esta estar condicionada "por modas e flutuações".

"É necessário ter-se uma capacidade de distanciamento do que é o presente ou o futuro imediato" e não se deixar conduzir apenas pelas tendências do mercado, referiu, considerando que, no entanto, se poderão fazer "alguns ajustes".

Sinal disso é a reforma que está a ocorrer na oferta formativa da Faculdade de Letras, em que os estudantes poderão, "através de uma base comum, criar um percurso académico à medida das suas necessidades", realçou a vice-reitora.

Responderam ao inquérito, realizado entre Novembro de 2013 e Abril de 2014, 1765 diplomados, com uma idade média de 26,8 anos, e na sua maioria provenientes da região Centro (73,1%).

Sugerir correcção
Ler 1 comentários