Mais aulas em inglês e consórcios de instituições para atrair estudantes internacionais

Estratégia para a internacionalização do ensino superior é apresentada esta terça-feira e tem como objectivo fazer duplicar o número de estrangeiros que estudam no país ao longo dos próximos seis anos.

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Na Universidade de Brasília as cotas já existiam desde 2004 Jamil Bittar/Reuters

A atracção de mais estudantes internacionais para o ensino superior nacional deve passar pelo reforço da oferta formativa em língua inglesa. A recomendação é feita pelo documento de estratégia para a internacionalização do sector, que é apresentado esta terça-feira. As instituições são também instadas a associarem-se em consórcios para promover formações capazes de atrair estrangeiros, ao mesmo tempo que é proposta a criação de um órgão de coordenação deste plano, que dê coerência aos esforços que já vêm sendo feitos pelas universidades e politécnicos.

O plano delineado por um grupo de trabalho coordenado pelo antigo reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro – que também é o presidente da Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior – aponta para uma “aposta clara na colaboração entre instituições”, aumentado o número de formações oferecidas em consórcio, sobretudo para cursos de pós-graduação. Esta opção “permite estruturar conjuntamente os curricula, promover relações entre investigadores e fomentar a mobilidade de estudantes, professores e investigadores”, defende-se no sumário executivo.  

No relatório é também proposto o aumento do número de disciplinas em inglês nas licenciaturas, bem como um reforço pelas instituições nacionais da sua oferta de mestrados e de doutoramentos na mesma língua. Esta opção é apresentada ao mesmo tempo que se defende que a língua portuguesa é uma das mais-valias do sector, prevendo-se a criação do Conselho da Língua Portuguesa e de um componente do programa de mobilidade para públicos provenientes do CPLP destinado a estudantes, investigadores e docentes.

Portugal recebeu, no último ano lectivo, 31 mil estudantes estrangeiros, a esmagadora maioria (85%) dos quais provenientes dos países de Língua Portuguesa ou da União Europeia, ao abrigo do programa Erasmus. Mas o documento encomendado pelo governo em Abril considera o panorama de internacionalização do ensino superior “difuso e desarticulado” e “com resultados modestos, quando confrontados com os recursos que são investidos”. O plano agora apresentada passa pela duplicação deste efectivo até 2020.

O grupo de trabalho considera também necessário desenvolver uma estratégia nacional que “dê coerência aos esforços” das instituições de ensino superior, por isso prevê que seja criado um “centro de racionalidade” – com um organismo executivo e um fórum de reflexão – que assegure a concretização e a articulação da estratégia de internacionalização do ensino superior português, ainda que sem avançar com grandes pormenores sobre a forma como isso seria feito.

Há também considerações mais práticas, como a necessidade de criação de uma marca comum que sirva de “chapéu” a todas as iniciativas de internacionalização do sector, bem como de um único portal na internet e de um Guia Diplomático de Acesso ao Ensino Superior Português. Outra sugestão é o reforço da participação em feiras temáticas internacionais e a organização de roadshows em países considerados prioritários.

De resto, a publicação gasta quase um quinto das suas 40 recomendações a enumerar as regiões do globo com as quais devem ser definidas estratégias prioritárias de cooperação: países da CPLP, América Latina, África, Magrebe, Médio Oriente, países europeus não integrados na União Europeia e países com grandes comunidades luso-descendentes. É ainda defendida a criação de uma “via verde” para os estudantes internacionais, estabelecendo colaborações com outras entidades que intervêm em processoes deste tipo (SEF e Autoridade Tributária, por exemplo).

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