Lusofonia celebrada na Praça de São Pedro com a criação dos novos cardeais

Patriarca de Lisboa Manuel Clemente já é cardeal.

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D. Manuel Clemente na missa na Basílica de São Pedro Tony Gentile/Reuters
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D. Manuel Clemente com o Papa Francisco Tony Gentile/Reuters

Centenas de portugueses e de cabo-verdianos estiveram neste sábado na Praça de São Pedro para celebrar o facto de o patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e de o bispo de Santiago, Arlindo Furtado, terem sido criados cardeais pelo Papa.

O relato é do enviado da agência Ecclesia, em serviço para a Lusa, Octávio Carmo, que descreveu que havia bandeiras dos dois países e que se ouviam cânticos cabo-verdianos, enquanto se esperava pela abertura da Basílica de São Pedro.

Manuel Clemente foi criado neste sábado cardeal pelo Papa Francisco. É um dos 20 novos cardeais [15 eleitores e cinco não eleitores] anunciados pelo Papa em Janeiro, juntando-se a Monteiro de Castro (76 anos) e Saraiva Martins (83 anos). Foram também investidos o bispo Arlindo Furtado, de Cabo Verde, e Júlio Duarte Langa, bispo emérito de Xai-Xai, Moçambique, que, com mais de 80 anos, não tem capacidade eleitoral.

O Estado português está representado na cerimónia pelo vice primeiro-ministro, Paulo Portas, pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete e pelo secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

A cerimónia iniciou-se com uma saudação do Papa ao primeiro cardeal da lista - o francês Dominique Mamberti - em nome de todos, seguindo-se uma oração e a leitura do Evangelho. Manuel Clemente foi o segundo a receber o barrete cardinalício, que representa a dignidade do cardinalato e simboliza a prontidão para agir "com coragem, até à efusão do sangue" na defesa da fé, paz e bem-estar dos cristãos "e pela liberdade e expansão" da Igreja de Roma. A cada cardeal é entregue a bula de criação cardinalícia e atribuída uma igreja de Roma - Manuel Clemente escolheu a Igreja de Santo António dos Portugueses, tal como aconteceu com o seu antecessor, D. José Policarpo. O Colégio conta agora com 228 cardeais, 125 eleitores e 103 não eleitores.

 “Gesto com elevado significado”
O Papa pediu aos novos cardeais para terem “um forte sentido de justiça” e instou-os a praticarem a caridade, alertando para os perigos da inveja e do orgulho. Para Francisco, os cardeais não devem aceitar “nenhuma injustiça”. Sublinhou a importância da caridade e avisou ainda para o perigo da raiva, considerando que é desculpável uma irritação momentânea, mas não o rancor. E acrescentou que ser-se cardeal é uma dignidade, mas não uma distinção honorífica.

O primeiro-ministro felicitou o patriarca pela sua investidura como cardeal, classificando Manuel Clemente como um “pastor de grande envergadura moral e espiritual”. Numa nota enviada à Lusa, o gabinete de Pedro Passos Coelho considera a criação do novo cardeal como “um gesto com elevado significado para o país”. Passos classificou ainda como “uma excelente notícia” a designação do bispo de Santiago, Arlindo Furtado, como novo cardeal de Cabo Verde, comentando que significa “mais um reflexo da abertura da Igreja a uma maior diversidade geográfica no seu colégio de cardeais”.

No Vaticano, o vice-primeiro ministro Paulo Portas manifestou ao Papa o desejo de que este visite Portugal em 2017, no centenário das aparições de Fátima. “Esses 100 anos são muito importantes para muitos portugueses com fé e nós gostaríamos todos de ter o Santo Padre em Portugal por ocasião desse centenário, em 2017. Aproveitamos para o sublinhar”, disse aos jornalistas, na Praça de São Pedro.

Portas e Rui Machete cumprimentaram o Papa. Machete adiantou que o Papa Francisco deixou palavras “muito simpáticas” para Portugal, esperando que a visita de 2017 seja uma realidade. “Ele não fez uma promessa solene, mas disse que ouviu várias pessoas falarem-lhe nisso e que não se ia esquecer.”

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