Lugares de emergências adiadas

Plural de “urgência”, a palavra associa-se imediatamente a hospital e a necessidade imperativa e urgente de tratamento. Mas nem sempre corre como se espera. Nem no dicionário. O sentido de “caso muito grave, que necessita de intervenção médica imediata, pronta” é o terceiro registo a surgir. O que, em procedimento hospitalar, corresponderia a “pulseira amarela” (as prioritárias são a vermelha e a laranja).

Num outro dicionário, “serviço de um hospital onde se prestam cuidados médicos e cirúrgicos com carácter de emergência” aparece só em sexto lugar. Portanto, para lá de qualquer cor (a escala cromática dos hospitais só vai até azul, antecedendo-lhe a pulseira verde).

“Pressão nas urgências obriga Ministério da Saúde a reabrir 569 camas” foi título de notícia na terça-feira. Isto depois de, em poucas semanas, ocorrerem oito mortes em serviços de urgência de vários hospitais, alegadamente por períodos de espera acima do recomendado. Emergências adiadas.

Leal da Costa, secretário de Estado adjunto da Saúde, disse: “Lamentamos todas as mortes e não deixaremos de encontrar eventuais falhas sistémicas ou pessoais que serão devidamente corrigidas.” Mas recusou falar em “período de emergência ou caos generalizado” e informou que “há mais 471 camas prontas”.

“Urgência” também significa “aperto”, “pressa”.

O ministro da Saúde, Paulo Macedo, terá de voltar ao Parlamento para explicar novas medidas para o melhor funcionamento das urgências. Espera-se que diminua a espera.

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