Literacia de alunos do básico vai começar a ser avaliada antes dos testes PISA

Projecto da Porto Editora para ser aplicado nas escolas arranca no próximo ano lectivo.

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À frente da tabela ficou, pelo segundo ano consecutivo, o site de Alfândega da Fé

A partir do próximo ano lectivo, os alunos do ensino básico poderão avaliar, nas escolas, se conseguem aplicar o que ali estão a aprender a situações da vida real.

O novo projecto baptizado como Literacia 3D será apresentado nesta sexta-feira pela Porto Editora, responsável pela iniciativa, que tem na sua matriz as provas internacionais aplicadas pela Organização da Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) aos jovens de 15 anos no âmbito do Programme for International Student Assessment (PISA).

À semelhança destes testes internacionais, o projecto da Porto Editora visa avaliar a literacia em leitura, matemática e ciências. Na apresentação da iniciativa não se menciona, contudo, o PISA. “Não precisamos de evocar o PISA para perceber que a literacia nestas três áreas é fundamental “, justifica o director de comunicação daquele grupo editorial, Paulo Gonçalves, em declarações ao PÚBLICO.

O projecto foi testado este ano lectivo em cinco escolas, numa experiência piloto a que deram o nome Simulação para Provas Internacionais e que envolveu 1600 alunos. Paulo Gonçalves diz que “o retorno das escolas, tanto da parte dos alunos, como dos professores, foi totalmente positivo” e que por isso esperam que a adesão ao projecto a sério venha a ser “muito grande”.

Entre as razões para a boa adesão dos alunos, Paulo Gonçalves destaca o facto de esta avaliação ser feita exclusivamente através de uma consola virtual e também porque o seu objectivo não é o de testar conhecimentos curriculares, como nos testes habituais, mas sim os modos como estes têm “aplicabilidade na vida real”. Também o facto de o projecto se desenvolver sob a forma de um campeonato nacional ajudou à sua popularidade, acrescentou.

A iniciativa será desenvolvida com base em provas interactivas que estarão ao dispor das escolas por via da plataforma online Escola Virtual, uma aplicação que a Porto Editora lançou há 10 anos com aulas e exercícios virtuais das diversas disciplinas do ensino básico e secundário. Para se aceder a estes exercícios é preciso pagar uma inscrição. Já o novo projecto da Porto Editora “não terá quaisquer custos para os alunos ou escolas”, garante Paulo Gonçalves.

É uma iniciativa com três fases: durante o 1.º período as escolas seleccionarão os alunos com melhores resultados nos testes de literacia. No 2.º período serão apurados os estudantes com melhores resultados por distrito e no 3.º período realizar-se-á uma final nacional. Este modelo também foi testado na experiência piloto: na final, que se realiza também nesta sexta-feira, estarão 17 alunos do 5.º, 7,º e 8.º ano de escolaridade.

Estes são os anos alvo do projecto, uma opção que a Porto Editora justifica pelo facto de querer “evitar qualquer transtorno na preparação” das provas nacionais que os alunos do 6.º e 9.º ano realizam obrigatoriamente no final do ano. Os alunos avaliados serão assim à partida mais novos do que aqueles testados no PISA.

A última edição do PISA, que se realiza de três em três anos, decorreu entre 8 de Abril e 8 de Maio passado. A amostra portuguesa foi constituída por cerca de 10 mil alunos de 248 escolas e agrupamentos. Os testes PISA consistem numa mistura de questões de escolha múltipla com outras que implicam respostas desenvolvidas. No projecto Literacia 3 D terão apenas questões de escolha múltipla.
 

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