Licenciaturas com estágios têm taxas de desemprego mais baixas

Estudo da Universidade de Aveiro realça que o impacto dos estágios curriculares na redução das taxas de desemprego é mais significativo no ensino superior politécnico.

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Na primeira fase, houve menos 5000 candidaturas do que no ano anterior: há 14 mil vagas por preencher nas universidades públicas Adriano Miranda

As licenciaturas com estágios curriculares têm taxas de desemprego menores do que aquelas que não têm esta oferta, revela um estudo da Universidade de Aveiro (UA) divulgado nesta terça-feira.

Das 1158 licenciaturas analisadas, 48% tinham estágios, uma opção com consequências práticas já que a inclusão desta oferta “tende a reduzir as taxas de desemprego dos licenciados em cerca de 15%”.

Para este estudo, intitulado Os estágios curriculares e o seu impacto na empregabilidade dos licenciados, que é o primeiro do género realizado em Portugal, apenas foram tidas em conta as licenciaturas para as quais estavam disponíveis, em 2013, dados oficiais sobre os números de diplomados desempregados inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional há, pelo menos 12 meses. Das 1621 licenciaturas existentes, 71,4% (1158) cumpriam esta condição.  

Também só foram tidos em conta os dados relativos ao desemprego, em 2013, dos que já se licenciaram após a implementação da reforma de Bolonha. Naquele ano a taxa geral de desemprego dos que se diplomaram no período de 2006 /2007 a 2011/2012 era de 8%. Por curso, estas taxas variavam entre 0,6% e 66,6%.

Segundo o estudo da UA, o impacto dos estágios curriculares na diminuição destas taxas é “especialmente relevante no subsistema do ensino superior politécnico”, onde a existência desta oferta “reduz a taxa de desemprego dos licenciados em 27%”. Também a natureza e o formato dos estágios têm “um impacto estatisticamente significativo nas taxas de desemprego dos licenciados”.

Quando a sua frequência é obrigatória e não apenas facultativa, verifica-se uma redução de 28% na taxa desemprego, uma percentagem que sobe para 37% quando existem múltiplas experiências de estágio ao longo do plano de estudos e não apenas no final da licenciatura, que é o caso da maioria.

Para os autores do estudo, tanto os estágios obrigatórios, como a sua existência ao longo da licenciatura, permitem às instituições do ensino superior “conhecer e compreender as expectativas do mercado de trabalho relativamente às competências desejadas nos licenciados, o que lhes permite definir planos de estudo em conformidade”. E por isso estão associados a taxas de desemprego de licenciados mais baixas, frisam.

No âmbito deste estudo foram também entrevistados vários responsáveis de instituições do ensino superior, que não estão identificados. Um deles confirmou que têm “adaptado muitos programas com novas coisinhas, coisinhas pequeninas, mas que vêm dos empregados”. O coordenador do estudo, Gonçalo Dias, director da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, não considera que esta eventual influência do mercado de trabalho na definição da oferta do ensino superior não constitui “um risco”. “O conhecimento das necessidades das empresas é sempre positivo. O resto compete às instituições decidir”, disse ao PÚBLICO.

Actualmente é no politécnico que está concentrada a maior oferta de estágios: das 556 licenciaturas com esta oferta, 65% pertenciam aquele subsistema de ensino e apenas 28% figuravam nos planos curriculares dos cursos do ensino universitário.

Por outro lado, a percentagem de licenciaturas com estágios é também maior no ensino superior privado, com 56% das licenciaturas a incluírem esta oferta, enquanto no público desce para 44%. Para esta diferença contribuem sobretudo as universidades privadas com 51% de licenciaturas com estágios contra 49% nas públicas. No politécnico regista-se uma situação inversa, com o sector público a concentrar 64% das formações com estágio, uma percentagem que desce para 36% no privado.

Entre os factores que mais negativamente influenciam a empregabilidade dos licenciados, figuram “a taxa de desemprego global da instituição (eventualmente relacionada com a sua reputação ou com a falta dela), a pertença ao ensino superior privado, a taxa de desemprego global na área de estudos e a pertença ao subsistema de ensino superior politécnico”. 

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