Justiça brasileira reabre processo do assassinato de Chico Mendes

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Chico Mendes era visto como um obstáculo à pretensão dos latifundiários de ampliar as suas terras de cultivo na Amazónia DR

A justiça brasileira reabriu o processo sobre o assassínio do ecologista e sindicalista Chico Mendes, 13 anos depois da sua morte e onze anos passados sobre o julgamento que condenou os latifundiários pelo crime.

Segundo declarações do delegado do Ministério Público brasileiro, Elizeu Bushmeier, ao diário "O Estado de S. Paulo", a justiça aguarda apenas o regresso de férias de um comissário da polícia para se iniciarem novas investigações. No entanto, Bushmeier assinalou que, independentemente das investigações, um processo contra os assassinos do brasileiro Chico Mendes só poderá ser reaberto no próximo ano.O delegado adiantou que há um mês uma testemunha revelou à polícia os nomes de várias pessoas que terão participado no crime e nunca foram acusadas.
Chico Mendes, o líder "seringueiro" (extractor da seiva da seringueira ou árvore-da-borracha) que chamou a atenção do mundo para a destruição da Amazónia brasileira, foi assassinado a 22 de Dezembro de 1988, numa emboscada organizada por latifundiários e madeireiros, os quais acusava de devastarem a floresta. Chico Mendes era visto como um obstáculo à pretensão dos latifundiários de ampliar as suas terras de cultivo na Amazónia.
Darci Alves da Silva e o pai, o rico fazendeiro Darli Alves, foram condenados em Dezembro de 1990 a 19 anos de prisão pelo homicídio do sindicalista. Alves da Silva foi condenado como autor material dos disparos que levaram à morte do ecologista, enquanto o pai foi considerado o autor moral do crime, tendo dado ordens para a sua execução, em conjunto com outros fazendeiros do estado de Acre. No entanto, a justiça nunca identificou os fazendeiros que supostamente participaram na reunião em que foi decidida a morte de Chico Mendes. A testemunha surgida há um mês terá revelado os nomes que faltavam.
O julgamento, realizado numa minúscula povoação da Amazónia, teve uma importante repercussão mundial, chamando a atenção dos meios de comunicação social para a devastação da floresta.
Os dois homicidas condenados acabaram por cumprir apenas sete anos de prisão, tendo-se evadido em 1993. A polícia capturou-os em 1997, mas Darli Alves obteu um perdão judicial por ter mais de 70 anos e o filho beneficiou de um regime prisional semi-aberto.

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