Inverter a inversão da pirâmide etária

Os dados do INE sobre a natalidade e os saldos migratórios em Portugal são alarmantes.

O país está entretido a discutir a sustentabilidade do sistema da Segurança Social, mas numa lógica de curto prazo e com uma visão meramente economicista. Mas há uma ameaça que continua a pairar e que, a continuar, fará explodir o nosso sistema de previdência, tal como o conhecemos. Os dados publicados esta sexta-feira pelo INE são alarmantes e projectam um Portugal em 2060 reduzido a 6,3 milhões de habitantes. As projecções apontam para um fortíssimo envelhecimento demográfico, com o actual índice de 131 idosos por cada 100 jovens a aumentar para os 464 idosos por 100 jovens. E esta tendência não é de agora. De 2007 até agora, todos os anos morrem mais pessoas do que aquelas que nascem.

A questão é saber como dar a volta a esta estatística ou lidar com um perfil populacional complemente diferente no país? E a resposta não pode passar apenas pelo sucessivo aumento da idade de reforma.

Há uma dimensão de organização social sublinhada pelos sociólogos e que tem de dar resposta a estas duas perguntas: por que é que a formação só é admitida numa fase mais inicial da vida? Por que é que o trabalho não pode ser menos intenso na fase central das nossas vidas, em que pode haver filhos pequenos, e prolongar-se até mais tarde?

Depois há uma outra dimensão, a dos incentivos para tentar condicionar o comportamento da própria sociedade e inverter a curva demográfica. E aqui não chega ideias soltas como um cheque-bebé. Um Pacto para a Natalidade, ideia lançada esta semana pelos partidos no Parlamento, não deveria resumir-se a um grupo de trabalho efémero. Deveria implicar um compromisso de várias legislaturas e gerações. Porque este problema não se resolve da noite para o dia.
 

  



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