Imigrantes têm impacto orçamental neutro nos países da OCDE

Segundo análise feita pela OCDE, mesmo nos casos em que os imigrantes influenciaram as contas públicas, esse valor "raramente ultrapassou os 0,5% do PIB".

Os imigrantes em países da OCDE têm um impacto orçamental neutro nos países de acolhimento, sendo o facto de estarem empregados, ou não, o factor mais importante para determinar a sua influência nas contas públicas.

De acordo com um 'Policy Briefing', divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), "nos últimos 50 anos, os migrantes parecem ter tido um impacto neutro nos países da OCDE" no que diz respeito às finanças públicas, o que significa que "o custo dos benefícios estatais que recebem foi largamente coberto pelos impostos que pagam".

O documento explica que, mesmo nos casos onde os imigrantes influenciaram as contas públicas, esse valor "raramente ultrapassou os 0,5% do PIB", e acrescenta que apesar de poder ser considerado neutro, o impacto dos imigrantes nas contas públicas é menos favorável que o dos nacionais, ou seja, "os migrantes não são um grande fardo para a despesa públicas, mas também não são uma panaceia para melhorar as contas do Estado".

Esta análise da OCDE, que surge a menos de duas semanas das eleições europeias, é justificada pelo facto de a emigração ser "um tema polémico, no qual o debate público é por vezes enquadrado em percepções que não resistem a análises", o que é "especialmente verdadeiro nas discussões sobre o impacto económico e orçamental da migração, um assunto complexo com muitas ramificações".

A OCDE afirma mesmo que, "durante o abrandamento económico dos últimos anos, houve sinais, talvez especialmente na Europa, de um aumento da ansiedade pública sobre o tema da emigração" e reforça que "desenvolver um entendimento correto dos impactos económicos e financeiros deste tema é essencial para um debate público informado".

No 'Policy Briefing', os autores lembram que os "imigrantes contribuíram muito para o aumento da força de trabalho e preenchem importantes nichos [de emprego] quer nos sectores em rápido crescimento, quer nos sectores em acelerado declínio na economia".

Na última década, a percentagem de imigrantes com elevadas qualificações aumentou 70%, com os imigrantes a representarem já 47% do aumento da força de trabalho nos Estados Unidos e 70% na Europa, de acordo com os números apresentados pela OCDE.

A organização, que junta 40 dos países mais avançados do mundo, nota ainda que na Europa, os novos imigrantes representaram 15% das novas contratações em sectores em crescimento, como a saúde ou a ciência e tecnologia, contra 24% das contratações em sectores como a operação de máquinas ou a montagem industrial, áreas que os trabalhadores locais podem considerar "menos atractivas", segundo a análise da OCDE.

Olhando para o impacto económico mais abrangente, os peritos da OCDE reconhecem que ele é dificilmente mensurável, mas notam que os imigrantes aumentam o tamanho da população e, especialmente, da população activa, trazem capacidades e perícia para os países para onde vão e contribuem para a investigação e inovação, bem como para o progresso tecnológico, uma característica especialmente visível nos Estados Unidos da América.

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