Igreja diz que prostituição em bairro de Viseu é “mau exemplo para menores”

Conferência Episcopal diz que compete às autoridades públicas resolver caso do Bairro da Quinta do Grilo. PSP reforçou patrulhamento no local.

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Hoje mesmo a PSP desenvolveu uma operação de fiscalização no “bairro vermelho” de Viseu Adriano Miranda

A prostituição no Bairro da Quinta do Grilo, em Viseu, que tem motivado queixas de moradores e o aumento do policiamento, é “um mau exemplo para os menores”, disse nesta terça-feira o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

Manuel Morujão salientou que este caso “diz respeito às autoridades públicas”, que a Igreja espera “que tratem bem da situação”, não estando em causa “uma moral espartana”, mas sim “o respeito às famílias e, essencialmente, aos menores”.

“Tudo o que [as autoridades públicas] puderem fazer para dar estabilidade às famílias, a Igreja e a sociedade em geral agradecem”, disse o porta-voz da CEP, que falava em Fátima no final de uma reunião do conselho permanente do órgão que representa os bispos portugueses.

A PSP de Viseu tem em curso uma investigação ao Bairro da Quinta do Grilo, conhecido há anos como zona de prostituição, mas o seu comandante admite que é "difícil recolher prova" porque a actividade se pratica dentro de apartamentos.

Esta terça-feira mesmo, uma equipa da Brigada de Intervenção Rápida da PSP de Viseu, constituída por oito agentes, desenvolveu uma operação de fiscalização no local, pedindo a identificação de várias pessoas e dissuadindo eventuais clientes de entrarem no bairro.

O segundo-comandante da PSP de Viseu, Almeida Campos, disse ao PÚBLICO que estas acções serão feitas a partir de agora com cada vez mais regularidade, apesar de este já ser actualmente um dos bairros mais patrulhados da cidade.

Um morador que não quis ser identificado disse também ao PÚBLICO que desde domingo, quando o caso ganhou expressão pública após uma reportagem exibida pela SIC, passou a haver menos movimento na Quinta do Grilo. As prostitutas que ali desenvolvem a sua actividade em cinco ou seis apartamentos continuam, contudo, a recusar abandonar o local.

Há vários anos que moradores daquele bairro residencial, situado junto ao Hospital de S. Teotónio, se queixam do mau ambiente gerado depois de várias prostitutas terem ido morar para lá, tendo feito abaixo-assinados e apresentado queixas na PSP.

Um responsável do núcleo de Viseu da associação de defesa de direitos humanos Olho Vivo defendeu à agência Lusa que a solução passa pela legalização da prostituição. Carlos Vieira disse compreender a indignação demonstrada por alguns moradores, mas lembrou que também as prostitutas são moradoras no bairro, pagam renda e “têm necessidade de ganhar a vida, até porque muitas são compelidas para a prostituição” por dificuldades financeiras.

Na sua opinião, “se deixar de haver essa hipocrisia e a prostituição passar a ser uma actividade legal, passando as prostitutas a pagar impostos e a ter direitos laborais, tudo adquire um carácter muito mais normal”. Desta forma, “os locais onde elas moram e têm a sua actividade deixariam de ser encarados como bairros vermelhos, como locais de pecado”, e elas poderiam até “estar mais disseminadas”, ao invés de se concentrarem em determinadas zonas da cidade, acrescentou.

 

 
 
 
 

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