Hospital de S. João já pode contratar médicos e substituir equipamentos

Garantias dadas pelo ministro da Saúde podem travar saída das 66 directores que se demitiram há um mês, alegando a falta de condições para manter a qualidade dos serviços prestados.

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Público (arquivo)

O prazo dado pelo presidente do Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar S. João (CHSJ) ao Ministério da Saúde para responder às reivindicações que apresentou à tutela termina esta terça-feira, mas António Ferreira não tem razões para estar preocupado, porque Paulo Macedo deu cobertura às exigências do gestor, deixando apenas de fora o modelo de gestão para os hospitais EPE.

As garantias de Paulo Macedo deverão ser suficientes para que os 66 directores que se demitiram no dia 19 de Junho, recuem no pedido, embora haja quem tenha afirmado em privado que, independentemente do desfecho das negociações, não pretenderiam manter-se naquelas funções. Na altura, justificaram as demissões com a falta de condições para manter a qualidade dos serviços prestados.

Seja como for, o Hospital de S. João vai agora contratar novos especialistas e assistentes operacionais e recrutar mais de duas dezenas de médicos que acabaram o internato. A Cirurgia Pediátrica e a Urgência são as áreas consideradas mais sensíveis.

 “As questões mais problemáticas relacionadas com a manutenção de equipamentos, nomeadamente a nível de informática, estão resolvidas, bem como alguns aspectos dos recursos humanos. A aprovação do plano de negócios 2012-2015, - um instrumento fundamental de gestão e de planeamento para o hospital -, está na fase final de discussão e deverá ser aprovado até ao dia 20 deste mês pela Administração Regional de Saúde do Norte”, declarou António Ferreira.

Quanto ao modelo de gestão para os hospitais EPE, o ministério liderado por Paulo Macedo precisa ainda de algum tempo para apresentar o novo diploma e António Ferreira compreende que assim seja. “Trata-se de uma questão claramente estrutural e tenhamos o bom senso de compreender que esta questão exige tempo”, apela, afirmando que o governante sempre deu sinais de abertura para dialogar com o hospital.

“O ministro tem declarado que está a trabalhar no sentido de encontrar um diploma que responda a estas necessidades dos hospitais. Nós tínhamos alguns problemas conjunturais e, esses, sim exigiam uma resolução rápida para que evitar algumas falências em aspectos assistenciais”.

Porém, o gestor considera, em declarações ao PÚBLICO, que "do ponto de vista estrutural, há muito que trabalhar para garantir ou conseguir mais alguma autonomia de gestão para o hospital”.

Questionado se em algum momento existiu o perigo de haver falência do sistema no hospital, António Ferreira afirma: “Se a pergunta é no sentido de dizer amanhã não vai atender doentes ou daqui a não sei quantos dias vai fechar, a resposta é não. Mas apenas porque houve e tem havido sempre uma disponibilidade para ir inventando soluções para os problemas, alguns dos quais só com a dedicação dos profissionais é que se conseguiram resolver. Em 2011, o hospital investiu à volta de 11 milhões de euros em manutenção e substituição dos equipamentos e nas instalações – não é fazer obras – e nos anos seguintes caiu para cerca de dois milhões”.

Relativamente à contratação de pessoal, o gestor sublinha o CHSJ não pediu para aumentar o número de recursos humanos, pelo contrário. Tem feito um esforço grande de ajustar o seu quadro de recursos humanos às reais necessidades, alterar modelos e redistribuir, argumenta António Ferreira. “Se precisamos de um médico para a urgência não queremos que um organismo central qualquer nos venha dizer que põe cá um cirurgião ou um cardiologista. Somos nós que sabemos o que precisamos”, exemplifica.

Das exigências apresentadas pelo presidente do CA fazia também parte o encerramento da urgência básica do Hospital de Valongo, que fecha esta terça-feira. Naquele espaço será instalado um centro de hemodiálise público para doentes crónicos.” Vamos passar para lá as consultas de especialidade para os doentes da região, apostar no desenvolvimento do ambulatório da saúde mental e responder a uma necessidade da região que é ter internamento prolongado que é aquilo que o país precisa”, afirmou António Ferreira.

A administração do Hospital de S. João estará quarta-feira na Comissão Parlamentar de Saúde na sequência de um requerimento do PS para prestar esclarecimentos sobre as demissões e as negociações com a tutela.

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