Hospitais querem evitar caos do ano passado nos serviços

No Amadora-Sintra, pavilhão criado para casos de ébola vai acolher doentes não urgentes.

No Hospital Amadora-Sintra, o pavilhão erguido durante a crise do ébola vai ser usado neste Inverno para o atendimento de casos não urgentes, de forma a aliviar aquele que é um dos serviços de urgência com maior procura no país. No Hospital de Braga, haverá reuniões semanais com os centros de saúde e briefings diários entre as equipas do serviço de urgência e a de gestão de camas, a direcção clínica e a de enfermagem. No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra serão disponibilizadas máscaras para os doentes com sintomas de infecção respiratória. 

Mas estes são apenas alguns exemplos, adiantados ao PÚBLICO, de medidas específicas dos planos de contingência de várias unidades de saúde para enfrentar o Inverno, época do ano em que habitualmente há picos de procura dos serviços de urgência por causa do frio e da epidemia de gripe sazonal. O objectivo é evitar que se repita o cenário vivido no ano passado, quando o colapso de alguns serviços de urgência chamou a atenção para o problema da sobrelotação e falta de meios.

De resto, os hospitais vão seguir as indicações gerais definidas pela tutela, em articulação com as administrações regionais de saúde, como acontecerá, por exemplo, na Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, que informa que o seu plano de contingência tem "uma forte componente local, privilegiando o recurso aos centros de saúde".

Nas últimas semanas, a anterior equipa responsável pelo Ministério da Saúde, que esteve em funções menos de um mês, ainda teve tempo para decretar uma série de medidas de excepção, para além daquelas que já se tornaram habituais nesta altura do ano. Uma das medidas, a que prevê que os centros de saúde alarguem o seus horários de funcionamento, entra em vigor na terça-feira e prolonga-se até 29 de Fevereiro.

Também se decidiu intensificar a vacinação dos cidadãos mais idosos e dos grupos de risco, e determinou-se, por despacho, que os hospitais públicos podem rever as autorizações para férias dadas aos médicos, quando não for possível garantir a composição integral das equipas nas urgências, sobretudo na "ponte" do próximo feriado (8 de Dezembro) e nos períodos de Natal e Ano Novo. Esta última medida está a ser contestada por alguns médicos que ameaçam ir para tribunal se forem obrigados a cancelar férias já marcadas.

Seja como for, no plano de contingência a nível nacional, está igualmente previsto um reforço das escalas nos picos de maior afluência, em particular entre 6 e 8 de Dezembro, 23 e 27 de Dezembro e 30 de Dezembro a 1 de Janeiro.

Também para evitar que se repitam as faltas de médicos observadas no último Inverno, as empresas de prestação de serviços (que fornecem os chamados "tarefeiros") serão monitorizadas e haverá um "rigoroso regime de penalizações" em caso de incumprimento.

Esta é uma medida que o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve, Pedro Nunes, garante já aplicar desde há quatro anos, com bons resultados. "Os concursos [para a contratação de "tarefeiros"] têm penalizações violentas, cauções, multas", afirma. Outra estratégia que Pedro Nunes diz estar a revelar-se muito eficaz passa por ter "um enfermeiro-chefe de noite e de dia a ver onde há vagas" e apresentar relatórios com regularidade.

No caso de a situação de complicar e se não houver camas em número suficiente nos hospitais públicos, está ainda previsto no plano de contingência a nível nacional o recurso a unidades do sector social, como misericórdias, e a hospitais privados.

 

 

 

 

 

 

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