Homem que confessou homicídio pelo qual outro já foi condenado fica em prisão preventiva

Sobrinho da vítima mortal foi condenado a 12 anos de prisão. Face à confissão, o processo poderá ser reaberto e o jovem libertado se forem encontradas provas que contrariem a decisão dos juízes e sustentem a sua inocência.

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O homem que esta segunda-feira foi à GNR de Guimarães confessar dois homicídios alegadamente ocorridos durante roubos em Joane (Famalicão) e na Lixa (Felgueiras) vai aguardar julgamento em prisão preventiva. A medida de coacção foi decretada pelo juiz de instrução criminal depois de este ser interrogado nesta quarta-feira no Tribunal do Marco de Canavezes. A mulher do suspeito ficou igualmente em prisão preventiva, adiantou fonte da PJ que deteve ambos. O ex-operário fabril, de 46 anos, terá cometido os crimes em colaboração com a companheira que o terá pressionado nesse sentido. Estavam ambos desempregados há vários anos depois de terem trabalhado numa fábrica de sapatos em Felgueiras.

A medida de coacção foi decidida apenas por indícios relativos ao segundo homicídio ocorrido em Abril deste ano. Trata-se do homicídio de outra mulher, uma comerciante de 40 anos.

A inquirição do suspeito ficou marcada, porém, por um pormenor que surpreendeu as autoridades. Farto de carregar na consciência a responsabilidade pelo crime, o homem confessou ter sido afinal ele quem matou em 2012 outra mulher de 73 anos, de quem era vizinho. O problema é que em Novembro do ano passado, o Tribunal de Famalicão condenou outro homem pelo mesmo crime a 20 anos de prisão. Aliás, o Tribunal da Relação do Porto veio entretanto confirmar a condenação que, contudo, reduziu para 12 anos de prisão.

O então condenado é sobrinho da vítima mortal. Os juízes de Famalicão consideraram que o jovem discutiu com a tia e asfixiou-a depois de a ter empurrado. O Armindo Castro, agora com 27 anos, terá confessado o crime num primeiro momento, mas certo é que mais tarde em tribunal não repetiu a confissão e manteve-se em silêncio.

Será agora o juiz de instrução criminal e o Ministério Público a decidir o que fazer face a esse aparente imbróglio judicial. Poderão requerer a colaboração da Polícia Judiciária para averiguar a situação. Formalmente a Justiça já decidiu quem é o culpado pelo homicídio ocorrido anterior em Joane. O processo poderá, porém, ser reaberto e o sobrinho da vítima mortal ser libertado se existirem provas de que afinal é inocente.

Mas para já os inspectores estão apenas a investigar o homicídio mais recente ocorrido na Lixa e outros roubos.  

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