Governo vai dar 550.000 euros para laboratório móvel de luta contra o ébola na Guiné-Bissau

Aquisição de laboratório está prevista para final de Janeiro, de acordo com ministro dos Negócios Estrangeiros. Ao todo, Portugal dará 750.000 euros na luta contra epidemia.

Um cemitério improvisado de pessoas que morreram de ébola, na Serra Leoa, um dos três países mais afectados pela epidemia Francisco leong/AFP

A ajuda de Portugal à Guiné-Bissau contra uma eventual epidemia do ébola, que está a afectar países naquela região africana, será na forma de um laboratório móvel de análises e despistagem com uma equipa de treino, no valor de 550.000 euros, de acordo com o anúncio feito nesta sexta-feira de manhã pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, no Palácio das Necessidades, em Lisboa.

“O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) irá contribuir com uma ajuda de 550.000 euros destinada a financiar a instalação de um laboratório móvel para o diagnóstico de infecções”, disse o ministro numa conferência de imprensa. A acção conta com a colaboração do Ministério da Saúde e o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM). “Em finais de Janeiro conseguimos ter a aquisição do laboratório concretizada”, disse Rui Machete.

Um novo surto vírus do ébola surgiu no sul da Guiné-Conacri há cerca de um ano e, em poucos meses, alastrou-se para a Libéria e a Serra Leoa causando uma epidemia sem precedentes. Esta doença dá uma febre hemorrágica e mata uma percentagem alta dos doentes. Já morreram 6915 pessoas dos 18.603 infectados, a grande maioria naqueles três países, de acordo com os dados da passada quarta-feira da Organização Mundial da Saúde. O Mali, a Nigéria, o Senegal, a Espanha e os Estados Unidos são outros países que foram afectados pelo vírus, mas numa escala muito menor. Estes surtos podem ser rapidamente contidos quando há os meios necessários.

Na Guiné-Bissau não houve casos de ébola, mas todo o leste e sul deste país lusófono faz fronteira com a Guiné-Conacri, estando assim particularmente exposto à crise sanitária.

Bissau tinha enviado um pedido oficial de ajuda ao Governo português para ajudar a combater uma possível infecção. “O apoio solicitado compreendia várias possibilidades: a instalação de uma unidade ambulatória ou o laboratório móvel”, disse Paulo Macedo, ministro da Saúde, também na conferência de imprensa. “A nossa opção concreta foi disponibilizar um laboratório e uma equipa para fazer formação”, acrescentou, explicando que este equipamento diminui a possibilidade de uma má despistagem de casos de ébola e, ao mesmo tempo, permite uma resposta coordenada e adequada se surgir um caso positivo.

Tanto Paulo Macedo como Rui Machete insistiram na ideia de que o apoio dado por Portugal estava coordenado com os esforços das Nações Unidas e da União Europeia.

Cruzada contra o ébola
O equipamento dado por Portugal “tem por objectivo colmatar as dificuldades de diagnóstico da doença na Guiné-Bissau, dando ao país um laboratório que irá contribuir ao acesso de informação de carácter epidemiológico”, disse ainda Rui Machete. Até ao final do ano, o MNE vai doar outros “200.000 euros” para os esforços internacionais na “cruzada contra o ébola”, disse o ministro.

Rui Machete informou ainda que o MNE mantém o “contacto regular” com os “cerca de 100 compatriotas” que estão a viver ou a trabalhar nos países com ébola.

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