Governo admite mais cortes do que os previstos no ensino superior

Secretário de Estado diz que instituições têm de "contar com os imponderáveis".

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José Ferreira Gomes Fernando Veludo

O secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, admitiu nesta quinta-feira que as transferências de dinheiro para universidades e politécnicos podem vir a ter mais cortes do que os previstos.

À margem da tomada de posse de António Fidalgo como novo reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, José Ferreira Gomes disse à Lusa que a verba inscrita na proposta de Orçamento do Estado para 2014, e “já comunicada às instituições”, prevê “uma redução de 1,4% de transferências”, mas adiantou que “é preciso contar com os imponderáveis”.

“O Governo tinha feito um certo plano que, como se sabe, foi alterado pela decisão [anterior] do Tribunal Constitucional, o que respeitamos. Agora [o Governo] vai ter de refazer os planos, e o país, em todas as áreas, terá de fazer sacrifícios”, justificou.

José Ferreira Gomes acrescentou ainda que “o ensino superior terá de ser um pouco mais magro do que era no passado”. Mais magro, ressalvou, “nos recursos financeiros e nos recursos humanos”, mas não na qualidade.

“As instituições têm de se adaptar, mas estou convicto de que é possível fazê-lo e manter, ou até melhorar, a qualidade do ensino prestado”, afirmou. Organizar as “instituições de uma forma um “bocadinho diferente” é uma das soluções apontadas pelo secretário de Estado.

Questionado sobre se essa organização passa pelo encerramento ou agregação de algumas instituições de ensino - como por exemplo, o caso do eixo Guarda, Covilhã e Castelo Branco, onde há dois politécnicos e uma universidade -, o secretário de Estado disse não saber qual será a decisão.

José Ferreira Gomes defendeu, contudo, que “não é possível” e que “o país não tem dinheiro para ter uma universidade em cada cidade”.

A reorganização da Rede de Ensino Superior também foi abordada no discurso de tomada de posse no novo reitor da UBI. Sem defender uma proposta específica, António Fidalgo deu como exemplo o facto de a Faculdade de Medicina já ter como base os hospitais das três cidades e referiu que “é possível ir mais longe”.

Impulsionar a cooperação entre a universidade e todas as instituições - responsáveis políticos, autarquias, empresários e demais protagonistas do desenvolvimento regional - foi outra das propostas assumidas por António Fidalgo.

Nesta cerimónia registou-se ainda uma quebra de protocolo quando, no início do discurso do novo reitor, 13 alunos se levantaram e mostraram cartazes de protesto. Os estudantes mantiveram-se assim durante cerca de dez minutos e depois abandonaram a sala.

Posteriormente explicaram à Lusa que foi uma forma de se solidarizarem com a tomada de posição da Associação Académica da UBI que, em comunicado, informou que não estaria presente na sessão, porque tinha sido convidada com menos de 24 horas de antecedência, ao contrário de outros convidados.

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