Gang que abria caixas multibanco com explosivos começou a ser julgado

Equipamentos eram arrombados através do alargamento do orifício de saída das notas com um pé de cabra, e posterior rebentamento de um cartucho explosivo, com detonador e cordão de rastilho

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O Tribunal de Sintra começou esta segunda-feira a ouvir alguns dos 21 arguidos acusados de associação criminosa no assalto a 24 caixas multibanco com recurso a explosivos.

Um dos suspeitos protestou a sua inocência nos crimes de que é acusado por, na altura, se encontrar preso por outro crime. A procuradora da República recordou-lhe que os factos são anteriores à outra detenção.

"Não têm provas contra mim, só as declarações dele", alegou, referindo-se a um dos três fundadores do grupo, escutado a denunciar à polícia os companheiros na sequência de desentendimentos entre os membros do gang. O arguido disponibilizou-se para revelar outros crimes "muito mais graves" que o alegado cabecilha lhe terá confidenciado em Caxias.

A irmã de um dos principais arguidos negou ter guardado armas usadas em assaltos e garantiu desconhecer as actividades do familiar, perante a incredulidade do juiz. No banco dos réus, este suspeito viu com maus olhos que o magistrado estivesse "a gozar" com a sua irmã – ao que este lhe retorquiu que, do seu ponto de vista, era ela quem gozava com o tribunal.

Alguns arguidos, que também respondem por roubos em estabelecimentos e furto de viaturas, garantiram não se recordar de conversas que ignoravam estarem a ser gravadas pela Polícia Judiciária.

Um dos três suspeitos de ter fundado o grupo continua em prisão domiciliária com pulseira electrónica, enquanto 13 alegados cúmplices seus estão em prisão preventiva.

Além dos assaltos a 24 caixas automáticas de pagamento nem sempre com sucesso, terão roubado dez viaturas (duas por carjacking) para a prática dos crimes e dois estabelecimentos comerciais, que lhes renderam mais de 350 mil euros.

Os roubos de ATM ocorreram em agências bancárias, edifícios públicos e comerciais e postos de combustível. Os equipamentos eram arrombados através do alargamento do orifício de saída das notas com um pé de cabra, e posterior rebentamento de um cartucho explosivo, com detonador e cordão de rastilho. O sistema antifurto de algumas caixas multibanco tingiu de tinta vermelha muitas das notas roubadas. Os estragos em equipamentos e instalações totalizaram mais de 305 mil euros.

Segundo a Judiciária, quando foram detidos os primeiros membros, em Outubro de 2012, o gang actuava há seis meses. Os explosivos eram obtidos em empresas de construção civil e pedreiras.

O grupo residia no concelho de Sintra, mas alargou a actividade a Alcobaça, Amora, Cadaval, Cascais, Mafra, Oeiras, Santarém, Torres Vedras e Vila Franca de Xira.

 

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