Formas diferentes de comer fruta premiadas nos Nutrition Awards

Desidratada, em versão snack saudável, ou em forma de coração ou estrela, a fruta foi a grande vencedora da quarta edição dos Nutrition Awards, que distinguiu projectos inovadores na área agro-alimentar.

Foto
A Frulact foi uma das premiadas Paulo Pimenta

Dois projectos que propõem formas diferentes de comer fruta ficaram entre os vencedores da 4.ª edição dos Nutrition Awards. Os prémios, que pretendem valorizar projectos na área agro-alimentar e criar pontes entre o sector da investigação e o empresarial, foram anunciados nesta quarta-feira numa cerimónia na Fundação Calouste Gulbenkian. O Fruut, snack<(i> de maçã desidratada, e a FruShape, fruta em formas que podem ser corações, estrelas, ou muitas outras, venceram respectivamente o prémio de Produto Inovação e Investigação e Desenvolvimento.

A ideia do Fruut nasceu de um problema para o qual era preciso encontrar uma solução: a Sociedade Agrícola Quinta de Vilar, de Viseu, produtora de fruta há mais de 40 anos, estava à procura de uma forma de escoar a parte da produção de maçãs com “um calibre médio que é habitualmente recusado pela grande produção”, explica Filipe Simões, que se juntou aos responsáveis da quinta para formar uma empresa e uma marca, a Pomar, e lançar no mercado a maçã desidratada.

Foram necessários dois anos e meio para, numa parceria com investigadores da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, desenvolver o projecto e chegar à fórmula certa, em que são retirados 90% da humidade da maçã (que retém assim o suficiente para não ficar totalmente seca). “É apenas fruta, a maçã é laminada e seca, não sofre qualquer outra transformação, nem leva qualquer aditivo”, sublinha Filipe. Tem a vantagem de ter um prazo de validade de 18 meses porque “geralmente o que leva à deterioração dos produtos é a água”, que aqui praticamente não existe.

O Fruut – que existe em duas versões, vermelho-doce (com maçã Gala), e verde-intenso (com Granny Smith) – foi lançado no dia 1 de Julho e até agora já chegaram ao mercado 120 mil embalagens. Estão já a trabalhar, sempre com a Universidade Católica, em novos produtos, que esperam lançar em 2014. O objectivo, diz, é atingir um milhão de euros de facturação em 2015 e três milhões em 2017, com 70% da produção destinada à exportação, sobretudo para o Norte da Europa e Reino Unido. Mas, sublinha Filipe Simões, mantendo sempre a marca “100% portuguesa, num processo em que todos os fornecedores são portugueses”.

Imagine-se um coração de kiwi, uma estrela de morango ou um nome escrito em letras de pêssego: foi também à volta da fruta que se pôs a trabalhar a empresa agro-alimentar Frulact. A fruta já é há muito tempo a base do seu trabalho – é a Frulact quem trata a fruta que é depois integrada em iogurtes de várias marcas. Mas desta vez decidiram testar a ideia de um dos funcionários e tentar desenvolver fruta moldada em diferentes formas.

A base utilizada é uma fonte amiloproteica, que pode ser sêmola de trigo duro, glúten, farinha de arroz ou farinha de milho, e depois uma fonte de fruta (também podem ser usados vegetais ou cacau) que pode representar até 98% do produto final.

A ideia é que daqui saia fruta nas formas que se quiser: estrelas, corações, letras ou outra qualquer, que podem ser consumidas em separado ou colocadas em iogurtes ou toppings de gelados, por exemplo. O produto, baptizado como FruShape, ainda não está no mercado porque a empresa procura agora um parceiro interessado em comprar uma parte da produção suficiente para justificar o investimento em maquinaria.

Os Nutrition Awards premiaram também, na categoria Iniciativa de Mobilização, o projecto Alimentação Inteligente – Coma Melhor, Poupe Mais, um manual para ajudar os consumidores a terem uma alimentação mais saudável e, ao mesmo tempo, a gastar menos. O trabalho é da nutricionista Maria João Gregório e da professora de Segurança Alimentar e Qualidade Alimentar da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Maria Cristina Teixeira Santos.

Na categoria de Serviço Inovação, a escolha do júri foi para MyFarm.com – A sua horta, os seus produtos, o nosso engenho, que tem como objectivo “sensibilizar a população para o cultivo e manutenção da sua própria horta”, de 49 m2 num terreno da MyFarm, podendo o cliente acompanhar, através de uma câmara colocada no local, o desenvolvimento do que pediu para ser plantado (há uma escolha entre 70 culturas de Primavera/Verão, e Outono/Inverno). Quando estiverem prontos, os produtos podem ser colhidos pela MyFarm (que os entregará ao cliente) ou pelo próprio agricultor à distância.

O Prémio Especial Comunicação (uma parceria com o PÚBLICO) distinguiu o trabalho Porque comemos assim?, do jornalista Luís Silvestre, publicado na revista Sábado.

Os Nutrition Awards não são prémios monetários, e partem de uma iniciativa da consultora de comunicação CGI e da Associação Portuguesa de Nutricionistas, e têm como parceiros os Ministérios da Economia, Educação, Saúde e Agricultura e Mar.
 

Sugerir correcção
Comentar