Foi um meet de jornalistas

O encontro de jovens que estava marcado pelo Facebook para esta quarta-feira no centro comercial Colombo, em Lisboa, não aconteceu.

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Enric Vives-Rubio

Inês Silva, 25 anos, está calmamente a comer um gelado com amigas à porta do centro comercial Colombo, em Lisboa. Trabalha ali, é advogada estagiária e está a fazer uma pausa. Ouviu falar, através da comunicação social, do meet que estaria marcado para esta quarta-feira naquele local. Mas o meet não aconteceu. A jovem olha à volta, está tudo tranquilo: pessoas a entrar e a sair do centro, de sacos nas mãos, jovens a conversar.

O encontro de jovens no Colombo estava marcado, através do Facebook, para as 14h. De manhã, o comissário Rui Costa, da PSP, já tinha dito ao PÚBLICO que esta força de segurança estava atenta e tinha adaptado “os meios, que são diferentes do normal”. Havia agentes a circular no interior e também junto às portas, mas o próprio centro tem uma esquadra (para tratar sobretudo de furtos). E havia, segundo uma outra fonte da PSP, elementos do corpo de intervenção, "como há no Bairro Alto, no fim-de-semana", equipas de intervenção rápida e agentes à civil. Apesar disso, e como já tinha avisado de manhã o comissário Rui Costa, não se tratava de “de nenhum cenário bélico”.

O alarme foi lançado, porque, no passado dia 20, um meet marcado para a zona do centro comercial Vasco da Gama, em Lisboa, acabou em desacatos, feridos e detenções.

“Acho que há mais seguranças do próprio centro do que nos outros dias, mas agentes da polícia é o normal”, diz Inês Silva. Já Paula Monteiro, 41 anos, que trabalha numa loja de flores, acha que havia mais polícias e vigilantes do que o habitual. “O meu patrão informou a administração de que se houvesse algum problema, fecharíamos a loja.” Não houve. Pelo menos até às 20h, não se passou nada. Alguns lojistas falavam de menos clientes, a administração garante que o movimento de pessoas foi o normal, idêntico ao dia anterior.

Apesar de admitir que o tema foi do meet foi abordado nas reuniões regulares que a administração faz com a polícia, o director de comunicação da Sonae Sierra, Tiago Vidal, nega que o centro estivesse com mais vigilantes nesta quarta-feira. Garante que num centro por onde passam diariamente 60 a 70 mil pessoas o sistema de vigilância tem de estar sempre a funcionar e em articulação com as autoridades policiais. E que estão habituados “a gerir grandes fluxos de pessoas”.

Claro que havia, numa tarde de Agosto, grupos de jovens a conviver: circulavam nos corredores, conversavam no exterior. Algum pode ter ido à espera do meet. Às 18h, dois adolescentes permaneciam sentados a apanhar sol, numa das entradas do centro. Vieram ao meet? “Não.” Costumam ir? “Não.” Costumam vir para aqui conviver, namorar? “Não. Estamos só à espera de um amigo que trabalha aqui.”

O que havia, nesta quarta-feira, era um número invulgar de profissionais da comunicação social à porta do Colombo. À volta de vinte. Alguns andavam de entrada em entrada, dentro e fora do centro, e iam consultando, nos telemóveis, a página do evento, na qual havia já várias publicações de tom humorístico. Um utilizador publicou uma fotografia de um carro blindado a dizer que estava a chegar e a estacionar e outros diziam que a polícia e os jornalistas tinham sido enganados. Repórteres, fotojornalistas, televisões com carros de exteriores, microfones, câmaras. Foi um meet de jornalistas.

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